Produção de rãs deve aumentar no Espírito Santo

0

O mercado da ranicultura no Espírito Santo ainda caminha de forma tímida. O estado tem cerca 18 ranicultores, que juntos produzem, em média, duas toneladas de carne do animal por mês. Devido à falta de um abatedouro específico para atividade no estado, toda a produção é vendida para o mercado do Rio de Janeiro, principalmente, onde há locais adequados para o abate e o beneficiamento da rã. Os produtores dizem que no mercado capixaba falta carne de rã e eles veem nisso uma oportunidade de aumentar os negócios.

A atividade deve ganhar força no estado com a criação de uma associação. Os ranicultores pretendem ampliar a participação no mercado capixaba e agregar valor ao produto, já que a carne de rã pode chegar a R$ 40,00 o quilo quando comercializada abatida e beneficiada.

De acordo com a coordenadora do programa de aquicultura e pesca do Incaper, Lucimary Ferri, mesmo vendendo a rã viva por um preço menor, a atividade é considerada rentável. “Os produtores vendem a rã viva por aproximadamente R$ 12,00. Não é tão satisfatório, mas mesmo assim esse valor é rentável para a atividade. O abatedouro é uma demanda urgente para que os produtores tenham mais lucratividade”, explica.

Produtor Josélio Krüger / Foto: arquivo pessoal

O produtor Josélio Krüger cria rãs em Santa Maria de Jetibá há quase 20 anos. Ele começou a atividade em parceria com seu pai e é um exemplo de produtor que vende toda a sua produção para fora do estado e espera aumentar o lucro após a criação da associação.

“Acho que vai ser uma forma de comercializar mais no estado. Tem muita gente que gosta e não acha para comprar porque não tem nos supermercados e as que tem são as que vem de fora”, comenta o produtor.

Nos últimos meses, a produção no ranário de Josélio registrou queda devido às baixas temperaturas. Mas ele conta que a produtividade mensal pode chegar aos 400 quilos e essa capacidade de produção deve aumentar com o abatedouro capixaba em funcionamento. “Nós queremos nos juntar pois vemos que o espaço no mercado é grande. A gente vai conseguir fornecer nossos produtos em qualquer lugar aqui do estado, o que hoje não é possível de fazer, pois seria comércio clandestino. A criação da associação é o caminho que vai dar mais certo e o mercado interno é o que a gente gostaria de atender”, disse.

O estatuto para a criação da associação já está finalizado. A formalização oficial da entidade será feita após a assembleia de inauguração, que deve acontecer nos próximos meses. Depois de formada, os membros da associação vão estudar a viabilidade para a instalação do abatedouro de rãs no Espírito Santo, que vai levar em consideração a quantidade de produtores interessados no negócio e o quanto é produzido, para então iniciar o planejamento da obra. A ideia é, futuramente, criar uma cooperativa de ranicultores no estado.

A ranicultura

A ranicultura é considerada uma atividade derivada da psicultura, já que a rã passa parte da vida na água. A criação depende de licenciamentos ambientais iguais a da criação de peixes.

A rã leva cerca de 9 meses para atingir a fase adulta. Nessa idade, elas já pesam cerca de 250 gramas cada uma. A alimentação é baseada em larvas de mosca, na fase de girino e ração na fase adulta, até que atinja o peso ideal, que vai de acordo com a preferência do produtor.

Para atingir um quilo da carne limpa e beneficiada, são necessárias cerca de oito rãs. Já a rã viva, é preciso ter quatro animais.

Em todo o Espírito Santo, os municípios que se destacam na produção de rãs são Linhares, Ibiraçu, Marataízes, Vila Velha, João Neiva, Jeronimo Monteiro e Santa Maria de Jetibá.

Reportagem publicada na edição 35 da Revista Campo Vivo

Compartilhar:

Deixar um Comentário