Guerra comercial EUA-China afeta exportação brasileira de café

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No começo de maio, o presidente dos EUA, Donald Trump, elevou para 25% as alíquotas de importação sobre itens chineses que montam US$200 bilhões. A China respondeu com o estabelecimento de novas alíquotas tributárias escalonadas para cerca de US$60 bilhões das importações provindas dos EUA.

De acordo com Instituto de Economia Agrícola (IEA) a elevação tarifária de ambos países acrescenta piora no cenário macroeconômico global, uma vez que reduz as estimativas de crescimento do PIB chinês e promove o possível aumento da inflação nos EUA. Mas embora a soja tenha sido a commodity que mais vem exibindo queda nas cotações internacionais devido a esse contexto, o instituto aponta para impactos também no mercado de café.

As exportações de café do Brasil para os EUA cresceram quase 36%, com destaque para os embarques de conilon (acréscimo de 544%). Segundo relatório mensal de abril do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as compras de cafés diferenciados dos americanos entre janeiro e abril de 2019 tiveram um salto de 22,7% – contabilizando 580 mil sacas adquiridas a um preço médio de US$163,09/saca, ou seja, US$35,12/saca de ágio por unidade comercializada.

Considerando as exportações brasileiras de todos os tipos de café no primeiro quadrimestre de 2018 e de 2019 para os dois países, nota-se que houve grande avanço dos embarques brasileiros no período. Com volumes bem mais modestos, houve crescimento também nas quantidades de café negociadas com a China (ampliada com o acréscimo dos embarques para Hong Kong e Macau).

Tabela: Instituto de Economia Agrícola (IEA)

O Instituto frisa que os embarques só não foram maiores devido ao enfraquecimento das transações com o tipo solúvel – com queda de 56,45%. “O aumento da concorrência entre indústrias de solúvel do Brasil, do Vietnã e da Indonésia pode estar contribuindo nessa queda nas compras chinesas do produto”, diz.

Os resultados cambiais das exportações no período para ambos os destinos também mostraram evolução favoráveis. Houve incremento de 22,85% e 27,63% dos valores negociados para EUA e China respectivamente, mesmo com uma queda de mais de 20% nas cotações internacionais no período.

O mercado estadunidense é o maior cliente para as exportações brasileiras, superando a Alemanha. “Ser líder nesse mercado é posição que deve ser fortalecida, pois os volumes demandados pelos EUA são grandes, concedendo escala para as operações dos exportadores e para a atividade portuária e, por essa razão, incrementando a liderança competitiva do Brasil no mercado global de café”.

Já em relação as vendas de cafés para a China, o instituto diz que as importações chinesas do produto seguem em uma trajetória crescente. “Atualmente, em detrimento do chá, o consumo de café por parte especialmente da população jovem é percebido como comportamento moderno. O mercado chinês é o mais dinâmico para a expansão de redes internacionais e nacionais de cafeterias, sendo que as duas maiores redes projetam inaugurar ao menos dois novos pontos de oferta da bebida diariamente”, finaliza o IEA.

Portal DBO

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