ESPECIAL: O mamão no campo – Nutrição

0

Matéria publicada na Revista Campo Vivo – ESPECIAL MAMÃO DO BRASIL (Edição 47 – Dezembro 2021)


O mamão no campo: Nutrição

Pesquisas buscam avançar na nutrição do mamoeiro

Uma fruta que está entre as sete primeiras da pauta de exportação do Brasil, segundo dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), é o mamão. O Estado do Espírito Santo sempre se destaca no cenário por ser um dos que mais exporta essa fruta, especialmente para países da União Europeia. Só em 2019, o produtor capixaba produziu 403.278 toneladas, com uma área plantada de aproximadamente 6.874 ha. A produtividade no Espírito Santo é em torno de 50 t/ha ano, acima da média nacional. Só o município de Linhares, no ano de 2020, produziu 50 mil toneladas de mamão papaia, e desses, cerca de 20 toneladas foram enviadas para o exterior, em especial para países como Europa e Estados Unidos.

Tão importante quanto ter o produto para vender, tanto no mercado interno, como para o mercado externo, é cuidar dessa lavoura desde o início. O produtor de mamão sabe o quanto é preciso estar atento aos cuidados para se ter uma colheita favorável, por isso precisam estar atentos a todas novidades que se relacionam a parte de nutrição das plantas. Segundo o pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Renan Batista Queiroz, no que se refere aos cuidados sobre a nutrição do mamoeiro, tem-se consolidado na cultura o uso de fertirrigação, com manejo de irrigação e uso de adubos de acordo com cada fase fenológica da cultura.

O que há de novidade sobre as novas tecnologias que são aplicadas para o setor, segundo Renan, é uma recomendação do uso de adubação usando análises de seiva nas plantas. “Isso ajuda a monitorar a real necessidade da planta e aprimorar o uso de fertilizantes, principalmente na fertirrigação”, pontuou. Ainda segundo o pesquisador, o setor mamoeiro não é aquele onde pesquisas acontecem de forma recorrente. “Hoje, o Incaper não tem trabalhado com pesquisa na área de nutrição para a cultura do mamoeiro. O setor produtivo do mamão é um dos mais tecnificados do ES e a atuação da pesquisa do Incaper nesse setor ocorre por demandas, como feito recentemente nos projetos de pesquisa da Rede Fruticultura Mamão, com as demandas de controle pós-colheita, manejo de pragas e doenças, além de melhoramento genético”, diz.

Cátia Aparecida Simon, doutora em ciências e pesquisadora da empresa Litho Plant

Segundo a doutora em ciências e pesquisadora da empresa LithoPlant, Cátia Aparecida Simon, as novidades do setor produtivo do mamoeiro relacionadas a nutrição de plantas, se relacionam ao o uso de bioestimulantes a base de aminoácidos e extratos de algas e também no monitoramento nutricional com o auxílio do extrator de solução do solo. “Trabalhamos hoje com bioestimulante a base de extrato de alga de Ascophyllum nodosum e outro produto a base de aminoácidos estes agem de forma distinta promovendo melhor desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea, melhoram o desempenho das funções metabólicas, interferem positivamente na produtividade e na tolerância da planta à estresses abióticos e bióticos, além de influenciar no crescimento das plantas indiretamente por meio de melhorias das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo”, salientou.

Há ainda, segundo a doutora, outras tecnologias que são aplicadas no setor da fruticultura brasileira de forma geral, como o uso de produtos quelantes e protetor solar para as plantas. “O uso de biofertilizante com a ação quelante aumenta a solubilidade e a mobilidade de íons, promovendo maior eficiência de absorção e, consequentemente maiores teores foliares de nutrientes nas plantas. Já o uso de protetor solar tem ganhado espaço no mercado agrícola, proporcionando maior conforto térmico para as plantas e seus frutos, com o intuito de diminuir a incidência da mancha fisiológica do mamoeiro” ressaltou Cátia.

Recentemente outro estudo que está em andamento é fruto de parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espirito Santo (FAPES) com o Incaper de Linhares, e a empresa LithoPlant, sob a supervisão da Dra. Sara Dousseau Arantes. “Essa proposta tem duas linhas científicas: a primeira se refere ao uso e manejo nutricional eficiente no cultivo do mamoeiro na pré-colheita e, a segunda está relacionada ao desenvolvimento de um produto exclusivo para promoção do aumento do tempo de prateleira dos frutos do mamoeiro. Estamos a mais de um ano avaliando o efeito da aplicação de produtos da empresa privada durante o desenvolvimento do mamoeiro, e já realizamos duas avaliações dentro de packing house com um produto orgânico, natural, sem efeito residual e restrições para limpeza de frutos no mamoeiro. Os resultados parciais indicam melhora da biologia do solo promovendo maior firmeza de frutos”, diz a pesquisadora do Incaper, Sara Arantes.

A doutora salienta ainda que há dados sendo tabulados sobre resultados parciais dos experimentos no cultivo do mamoeiro, e a previsão é de que em julho de 2022 sejam finalizados esses experimentos com resultados concretos. “Nós aproveitamos a área experimental para realizar avaliações da biologia do solo entre os tratamentos, e já estamos com resultados promissores. A partir da extração de DNA das amostras de solos foi realizada uma análise de sequenciamento para fungos. Hoje temos resultados que indicam melhorias na biologia do solo com produtos que promovem o aumento da diversidade e abundância fúngica quando comparado ao cultivo convencional”, diz Arantes.

Redação Campo Vivo

Compartilhar:

Deixar um Comentário