ESPECIAL – O conilon no campo: tecnologias

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Matéria publicada na Revista Campo Vivo – ESPECIAL CONILON 2022 (Edição 48 – Julho 2022)


Dinâmica das inovações no agro permite maior rendimento no campo

Falar da agricultura, sem falar de irrigação, é quase impossível. Isso porque ela tem papel fundamental para qualquer cultura, já que essa é uma técnica que complementa a disponibilidade de água ofertada pela natureza e colabora para que o teor de umidade seja o ideal para as culturas produzirem mais. O procedimento se faz tão necessário na lavoura, que pode fazer diferença no resultado de uma safra.

Hoje com o avanço da tecnologia, das inovações, há no mercado diversas tecnologias que fazem a irrigação totalmente automática e precisa. Existem hoje quatro métodos de irrigação disponíveis no mercado: irrigação por superfície (tabuleiro, faixas, canais); irrigação por aspersão (convencional, autopropelido, rolamento lateral, pivô central); irrigação localizada (gotejamento, microaspersão) e subirrigação.

”Em regiões com distribuição irregular do volume anual pluviométrico, a irrigação é a chave para a produtividade” – Ailton Dias, consultor

O professor, pesquisador e consultor, Ailton Geraldo Dias, define a irrigação como uma prática agrícola. “A irregularidade na distribuição das chuvas, característica meteorológica em diferentes regiões do Brasil e, mais acentuadamente, para a região do leste da região sudeste e do extremo sul da Bahia; a disponibilidade do recurso hídrico, por vezes escassa, por vezes excessiva; a competição por este fator de produção (a água) com outros setores econômicos e sociais e, a necessidade do uso de energia elétrica (com seus custos crescentes) para transportar este recurso dos pontos de captação até a área de cultivo, interferem, com diferentes impactos, sobre a atividade agrícola, obrigando o produtor a adotar um rigoroso programa de gestão de água. Então dentro deste contexto, se faz necessário que o produtor inicie um programa de gestão de irrigação eficiente, e entenda que a água (umidade), deverá ser posicionada na região do solo onde o sistema radicular tenha maior atividade e seu teor, seja mantido em tensão matricial confortável para a dinâmica de absorção das plantas”, diz o pesquisador.

Dias ainda pontua que ferramentas tecnológicas, como os tensiômetros, são necessárias para o monitoramento da oscilação da umidade, na rizosfera. “Os dados coletados nas leituras dos tensiômetros permitirão ao irrigante, com elevada precisão, adotar a mais adequada dinâmica para os pulsos de irrigação (aplicação da água). Estes tensiômetros, disponibilizados hoje no mercado, podem ser analógicos ou digitais, ligados ou não a sondas em uma interface computacional. Mas embora essa tecnologia seja de fácil uso, ela requer qualificação profissional para a sua boa prática”, pontuou.

Para o consultor, que faz parte de uma geração de profissionais da agricultura que vem acompanhando a revolução deste mercado, o Brasil é hoje um dos principais “players” do agronegócio mundial. “Hoje, por força de se saber usar eficientemente a irrigação, nosso país produz mais em cada hectare de terra. O Brasil de hoje é mais eficiente do que era há 5 anos. E será ainda mais eficiente daqui a cinco anos. A agricultura tem se modernizado, velozmente, mas ainda existem grandes desafios. Há grande concentração de riqueza em pequena parcela de propriedades rurais, existem milhões de hectares de solos degradados, há grande ineficiência no uso de água de irrigação, há, ainda, usos inadequados de agroquímicos (ou de agrotóxicos ou de pesticidas), entre outros problemas que se apresentam exigindo respostas. Então neste universo dialético da agricultura moderna, o homem do campo, empresário rural e o agricultor familiar, com os mesmos desafios, precisam produzir resultados financeiros. E a tecnologia da irrigação, aplicada corretamente, é a ferramenta que lhes garantirá este resultado”, ressalta Dias.

Ainda para o consultor, hoje o maior gargalo que o homem do campo enfrenta quando planeja investir em irrigação, são os custos do investimento, a disponibilidade e qualidade da água disponível. “Este cenário exige que se compreenda uma questão: em regiões com distribuição irregular do volume anual pluviométrico, a irrigação é a chave para a produtividade, para o êxito no empreendimento rural. Contudo, fazer irrigação de forma correta requer entendimentos multidisciplinares: física de solo; hidráulica; drenagem; retenção de água nas partículas minerais do solo; entre outras. O produtor rural, quando decidir investir em projetos de irrigação, deverá compreender que precisará de um aparelho de irrigação capaz de entregar água para as suas plantas na quantidade certa e na hora certa”, afirma, Ailton Dias.


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Para o administrador e diretor de compras, Emerson Vander Silva, que trabalha diretamente com o mercado de café, atualmente os produtores estão vivendo um momento de elevação geral de custos. “Isso força o homem do campo fazer um acompanhamento ainda mais eficaz das suas áreas de produção, e nesse ponto, a tecnologia de irrigação ajuda manter esse controle, colaborando com o uso correto dos recursos que temos disponíveis, como água, nutrientes, energia elétrica, e etc”, afirma.

Vander, que também é produtor, usa em sua propriedade o sistema de irrigação por gotejamento, com equipamentos de fertirrigação em todos os projetos. E como produtor, administrador, sabe da importância de se investir na lavoura para manter a produtividade sempre em alta. “No médio/longo prazo, o produtor que não se ajustar à novas tecnologias, irá perder muito em competitividade, pois não terá a mesma gestão dos recursos disponíveis, portanto, poderá ter uso com menos eficiência especialmente da água (recurso limitante), assim como, do uso dos fertilizantes. Quando se faz a irrigação já com os fertilizantes, se usa somente aquilo que a planta precisa, diminuindo assim as perdas com adubos e melhorando a eficiência dos mesmos, o que melhora muito a produtividade”, alerta.

Assim como o mercado se moderniza nas suas mais diversas áreas, o mesmo acontece para o homem do campo. No segmento de máquinas e implementos, o gerente de unidade da Pianna Rural, Altamir Biancardi, diz que o uso do trator com cabine com ar-condicionado, pra dar um conforto operacional para o operador e também se proteger contra os defensivos, vem crescendo sua utilização. Outra tecnologia que vem ganhando escala é a colheita semi mecanizada, que você usa a máquina para colher, reduzindo a mão de obra em torno de 60%, tecnologia que vem sendo muito usada no café conilon. “Sempre existiu no café arábica, mas no café conilon aqui para a nossa região, a colheita semi mecanizada é uma realidade hoje”. Isso se faz importante na rotina do produtor, e até necessário que ele faça uma reserva de parte da verba para esse tipo de investimento, justamente para isso: reduzir a mão de obra, que hoje além de ser muito cara, está muito escassa.

Altamir Biancardi, gerente de unidade da Pianna Rural

Para Altamir, a grande evolução desse mercado, se comparamos hoje com 10 anos atrás, é em relação aos clones, que são muito mais produtivos e mais resistentes também às pragas. “Com essas novas tecnologias de clones, você consegue fazer um café mais adensado, produzindo mais por hectares. Antigamente você plantava o pé de café com caroço, e hoje não, são clones. E como são vários tipos de clones diferentes, a produtividade da lavoura aumenta muito”, destaca.

Hoje além da colheita mecanizada, da semi mecanizada, que você diminui bastante já a mão de obra, já está sendo testada uma máquina automotriz que existe também já no café Arábica, porém no café conilon está na fase de testes agora. “É uma máquina automotriz, com um operador somente você faz a colheita, diminuindo 100% a mão de obra. Essa máquina está sendo testada agora porque, diferentemente do clone do Arábica, é totalmente diferente do café conilon. O arábica é um clone com uma haste só, é um clone ereto e também muito mais macio na hora de derriçar, mole, ele cai com muita facilidade os grãos na hora da colheita. Já o café conilon, é diferente, não é um clone muito ereto, é dobrado, ele cai pelas laterais, são várias hastes também. Então para você fazer essa colheita com esse tipo de máquina, num café conilon você vai passar por desenvolvimento de clones, que tem que ser um clone mais ereto, e também com mais facilidade na hora de você derriçar ele”, diz Biancardi, acreditando que num futuro bem próximo a colheita mecanizada será realidade no conilon.

Redação Campo Vivo

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