ESPECIAL CAFÉ: Marcas capixabas

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Matéria publicada na Revista Campo Vivo – ESPECIAL CAFÉ (Edição 46 – Julho 2021)


Iniciativas empreendedoras ganham mercado

Um cafezinho quente na mesa, acompanhado de um bolo fofinho, aquele de receita de avó, quem não gosta, né?! Tem ainda os que preferem consumir um expresso após o almoço, ou antes de alguma atividade física para ter mais energia e disposição. Independente do momento, o café é uma bebida que se faz presente na vida de qualquer pessoa.

E o Espírito Santo vem ganhado destaque quando o assunto é a produção própria de café para consumo, e isso tem gerado nas empresas produtoras um ânimo e incentivo para visarem um crescimento ainda maior. Conversamos com os responsáveis por algumas marcas de café capixaba e a reportagem você confere agora.

Sempre atenta às novidades do mercado quando assunto é café, a Família Venturim já abriu seu leque de vendas do café em grãos, torrado e moído. Trabalhando com café de alta qualidade desde 2007, participando de concursos e se destacando, cinco anos depois, em 2012, a família começou ter bons resultados e viu a necessidade de ampliar seus horizontes e levar o sabor do café conilon para outras pessoas conhecerem. “Queríamos que as pessoas provassem e sentissem o gosto da qualidade do nosso café e vimos que não tínhamos muitas torrefações dispostas a fazer isso, foi quando decidimos investir numa marca própria”, pontuou Lucas Venturim, gerente comercial do Café Venturim.

Mas se engana quem pensa que foi fácil ou rápido fazer essa transição de só então produtor para industrialização do próprio café. “Tivemos que aprender bastante sobre essa cadeia porque é um mundo bem diferente. Apesar de ser tudo café, a parte de produção na fazenda é completamente diferente da industrialização, ainda que seja de uma micro indústria. É outro segmento de atuação e isso tem sido um desafio e também um aprendizado muito grande, mas que tem nos deixado bastante satisfeitos”, considerou o produtor.

A idealização de comercializar o produto já vinha sendo discutido pela família, entre os pais e irmãos desde 2015. Em 2016, os irmãos Isaac e Lucas Venturim participaram de uma feira de café e foi lá que tiveram a ideia de fazer um teste com o beneficiamento do próprio café. “Nós vimos que para isso não precisávamos montar uma indústria, a gente poderia subcontratar à parte para ver se teríamos aceitação e foi isso que fizemos. Depois de um pouco de pesquisa, nós contratamos uma empresa para fazer o encapsulamento do nosso café, eles torraram, colocaram em cápsulas, e começamos fazer testes. Distribuímos para alguns amigos e profissionais provarem, e a aceitação foi muito boa, foi daí que tivemos a segurança de criar a marca”, diz.

A criação da marca em si, para a Família Venturim, aconteceu meio que por acaso. “Não sabíamos que nome íamos adotar para a marca, porque isso ia depender muito do conceito, do público-alvo. Mas quando fizemos o teste com as cápsulas no final de 2016, apareceu um evento grande pra fazermos em um curto espaço de tempo, em uma semana. Tivemos que correr com tudo, ir pra uma gráfica sem saber até o nome que daríamos para nosso produto. Foi lá que colocamos o nome “Fazenda Venturim”. Em 2017 procuramos o Sebrae, contratamos uma consultoria e aí sim o trabalho foi feito por uma agência que ajudou na parte da composição da identidade visual”, contou Lucas.

Hoje o Café Venturim tem duas linhas principais de café de lotes diferentes: a linha Veneto, que foi o primeiro café lançado, feito em maior volume na fazenda, com um perfil mais clássico, para as pessoas que estão mais acostumadas com o café. E a linha de micro lotes que são cafés mais exóticos com três perfis mais sensoriais, como frutados, florais e com especiarias. Nesses mesmos cafés há a variação de venda torrado e moído e também torrado em grãos e ainda as cápsulas de café. “Fomos agregando outros produtos da fazenda à nossa marca, como as cápsulas de monodose e o mel de florada produzido com a florada do nosso café na fazenda em parceria com um apicultor local pois a nossa ideia é sempre colocar produtos da fazenda agregado dentro da marca”, ressaltou Lucas.

Outra marca de café capixaba é a “Café Guardião”, da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel). Edimilson Calegari, gerente corporativo de mercado da cooperativa, diz que ter uma marca de café robusta próprio, torrado e moído, era um anseio dos sócios da cooperativa. “A gente ouve falar sempre em café robusta usado para blend, e sabemos que ele pode ser consumido 100%, sem precisar ser misturado. Então foi partindo desse princípio que começamos fazer análises de torra junto com indústrias que fazem torrefação, e chegamos a um padrão de café que vimos que podíamos colocar no mercado que ia satisfazer ao consumidor, tanto pela qualidade como a relação do preço acessível”, destaca Calegari.

O café foi lançado na Assembleia da Cooabriel em março de 2019, mas a ideia começou ser idealizada em 2018 quando foi feito um estudo de pesquisa de mercado, viabilidade, nome da marca, do café, trabalho realizado por uma empresa. Hoje o café é entregue e vendido apenas no Espírito Santo, com maior quantidade nas regiões noroeste, como Colatina, São Gabriel, Águia Branca, Nova Venécia, São Mateus, Jaguaré e toda região do entorno, com exceção da Grande Vitória.

Edimilson pontuou que o que mais foi estudado por eles foi o nome da marca: Guardião. “Nós chegamos à conclusão desse nome porque a Cooabriel foi fundada por religiosos missionários que vieram da Europa (tendo dois padres como os primeiros presidentes), e pela sede da cooperativa estar localizada em frente a Igreja Matriz de São Gabriel. Consideramos que a igreja sempre foi a guardiã da cooperativa, e nós os guardiões do cooperado, já que damos a eles segurança, contribuímos na produção, guardamos a produção dos sócios. Foi baseado nessa história de um proteger o outro, que chegamos a esse nome. Aí foi feito um estudo da marca, apareceram sim vários outros nomes, mas chegamos à conclusão que esse nome seria o mais viável pra nós”, lembra.

Hoje o produto é um café tradicional, feito com a participação de todos os 6.000 produtores, onde usam o café do grupo, fazem a torrefação, e colocam à venda no mercado. Feito isso, o valor agregado é dividido pelo grupo dos cooperados. O Café Guardião é 100% capixaba e vendido em embalagens de 250gr e 500gr, em dois tipos: 100% conilon, que foi o primeiro lançado com o objetivo de divulgar o café conilon, e também o tradicional, com um blend de arábica e conilon, feito para o público que gosta do café arábica. “Cada um dos cafés tem uma característica diferente e por isso, públicos diferentes também. O conilon tem mais amargor e menos acidez, mas tem mais cafeína, é mais energético, indicado até pra quem gosta de fazer atividade física. Então nós fazemos o blend, porque um com o outro faz a mistura dos sabores complementando o que falta em um, com o que tem no outro”, pontuou Edimilson.

Em Jaguaré/ES, a família Calvi possui a marca ”Calvi do Brasil”

Em Jaguaré, no distrito de Barra Seca Velha, também já tem produtor vendendo a própria marca de café. De lá saem os cafés da marca “Calvi do Brasil”, feito com base numa seleção de grãos 100% conilon, sem qualquer tipo de mistura. “Selecionamos nossa melhor produção e lavoura, e trabalhamos com pontos de torras específicos, de forma a extrair do conilon o que há de melhor em suas características. Por isso nosso café tem ótimo aroma, e um sabor único, puro, marcante. Nós cuidamos do nosso produto desde o campo até a xícara. Nossas plantas recebem manejo especial e nossos métodos e técnicas são todos voltados para obtenção de um grão perfeito”, ressaltou a responsável pela produção e venda do produto, Kéttini Upp Calvi.

Kéttini contou ainda que desde 2019 eles passaram a fazer contato com produtores do sul do Estado que já produziam e comercializavam o café, assim como órgãos públicos para agendarem visitas técnicas. “No mesmo ano selecionamos uma lavoura, aplicamos as técnicas aprendidas e identificamos grãos que podíamos iniciar um trabalho de torra e moagem para comercialização. Em setembro de 2019 realizamos a primeira torra em parceria com terceiros. Divulgamos isso e começamos comercializar nossos produtos nas redes sociais, no nosso site, no Mercado Livre. Também apresentamos em padarias, cafeterias e supermercados de Jaguaré, São Mateus e Linhares. Aos poucos estamos avançando a venda para demais cidades. A cada ano, desenvolvemos um trabalho de amostragem de nossos grãos para identificar grãos que possuem a pontuação acima de 80 pontos. Identificamos os grãos, passamos a investir num manejo adequado para a produção do café especial, selecionamos plantas para clonar e produzir mudas para plantio, pois nosso objetivo é produzir um café 100% conilon, mas que seja de qualidade e certificado como café especial”, frisou.

O nome “Café Calvi” foi escolhido para representar a tradição da família, que desde 1879, com a vinda do tataravô, Giuseppe Calvi, de Belluno, na Itália, para o Brasil, cultiva café. Hoje o produto é comercializado e divulgado por meio do próprio site (www.cafecalvi.com.br), por diferentes canais na internet já citados, atingindo clientes da Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. O produto é encontrado nas embalagens de 250gr, 500gr e 1kg, na versão café torrado e moído e torrado em grão. São dois os pontos de torra: torra média para o café torrado e moído e a torra suave para o café torrado em grão.

Redação Campo Vivo

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