Certificações garantem diferencial na qualidade do café e pimenta capixaba para atender o mercado

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As maiores vantagens em trabalhar com certificações estão relacionadas à segurança alimentar e agregação de valor ao produto

O mercado consumidor busca alimentos que atendam diversos critérios de bem-estar social relacionados ao meio ambiente e às pessoas. E a certificação é um modo de validação das regras e normas nas áreas de gestão, social, trabalhista, agronômica e ambiental, em maior ou menor grau. A busca por práticas sustentáveis e responsáveis tem se tornado uma prioridade no setor agrícola capixaba para atendimento do consumo e compromissos globais nas cadeias de valores – principalmente nas exportações brasileiras do café.

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Na pimenta-do-reino, os maiores desafios para as certificações estão no atendimento ao Limite Máximo de Resíduos (LMR) e a substâncias cancerígenas, oriundas da secagem com fogo direto (contato com a fumaça), no qual já é proibido na União Europeia e Estados Unidos.

Alan Libardi Baptista | Foto: Arquivo pessoal

O engenheiro agrônomo, diretor da Colheito e consultor em certificações e produção agrícola de café, Alan Libardi Baptista, informou que para o robusta, as principais certificações são a 4C – Código Comum da Comunidade Cafeeira; Rainforest Alliance; Fairtrade; Orgânico e demais programas de verificação, vinculada a empresas como AtSource (OFI), Impact (Sucafina), Lift (Mercon), SMS (Ecom), NKG Verified (NKG Stockler). Já para a pimenta-do-reino a Rainforest, G4G e orgânico UE e EUA.

Hoje, a 4C é a principal certificação presente no robusta. “É uma iniciativa voltada à sustentabilidade na cadeia de suprimentos e busca assegurar boas práticas agrícolas, condições de trabalho adequadas e a conservação dos recursos naturais. Já a Rainforest Alliance está comprometida em trabalhar em direção a práticas agrícolas mais sustentáveis, incluindo uma abordagem holística para redução do impacto de práticas agrícolas prejudiciais ao meio ambiente na agricultura, e o seu prêmio gira em torno de 4 % do valor da saca vigente ao produtor, comparada ao 4C que premia em torno de 0,5%”, explica Libardi.

Como benefícios diretos das certificações, são destacados a conquista de novos mercados, a melhoria da gestão da propriedade, com redução do desperdício de água, adubos, combustíveis, mão de obra, menor custo total de produção, melhoria da eficiência dos processos e agregação de valor final ao produto.

Mas, existem muitos desafios que precisam ser superados para atender o mercado. “Os maiores desafios dos produtores de conilon é atender a gestão e controle de custos, treinamentos a trabalhadores rurais, regularização dos trabalhadores temporários no período de safra, cobertura verde e compostagem, controle eficiente da irrigação, além da redução ou rotatividade de ingredientes ativos, pontos importantes que impactam nas exportações, devido à exigência de Limite Máximo de Resíduos (LMR), no qual grandes mercados demandam, como por exemplo, o glifosato e tiametoxan”, detalha o consultor.

As práticas dos cultivos impactam diretamente nos resultados finais das exportações, principalmente, como estão sendo manejados os produtos fitossanitários, e sobre uma visão de futuro, que envolve as boas práticas agrícolas, e um novo termo que é a agricultura regenerativa – onde consiste na produção de matéria-prima, ao mesmo tempo, preservando o meio ambiente, restaurando áreas degradadas, conservando espécies animais e aumentando a captura de carbono.

Mercado competitivo

O mercado é competitivo e quem busca alcançar novos horizontes já está inserido ou planejando uma certificação. “A certificação comprova a eficiência do empreendimento e gera uma nova oportunidade de agregar valores e entrar em muitos mercados. É uma via de mão-dupla. Como exemplo: talvez o prêmio pago pelo comércio é percentualmente menor que uma adubação equilibrada e eficiente, mas se não possuir o selo, não consegue alcançar janelas e mercados planejados”, frisou o consultor em certificações.

Polez Café e Pimenta | Foto: Arquivo pessoal

O diretor comercial da Polez Café e Pimenta, no município de Jaguaré, Luiz Orione Polez, pontuou que a empresa já segue essa tendência alimentar e busca as certificações exigidas pelo mercado de café e pimenta-do-reino. Na Polez, o trabalho é iniciado junto ao produtor, no campo, com orientação de boas práticas, desde o cultivo da planta produtora do grão, passando pela colheita, transporte e beneficiamento até a entrega ao comprador.

“As maiores vantagens em trabalhar com certificações são relacionadas à segurança alimentar e, consequentemente, agregar valor ao produto, garantindo assim as exigências do mercado comprador e sendo valorizado por isso. A perspectiva para as safras tanto de pimenta-do-reino, quanto de café conilon em nossa região para 2024 são médias. Tivemos grandes perdas devido a escassez de chuva e altas temperaturas nos meses de novembro e dezembro de 2023 que só poderão ser apuradas após a colheita dos frutos que ainda estão por vir”, relatou o diretor comercial da Polez.

Tendências para 2024

A estimativa é que a produção de café em 2024 mantenha os 17 milhões, a mesma de 2023 no Espírito Santo, sendo 25% do seu volume disponibilizado com a Certificação 4C e 5% do seu volume com a Certificação Rainforest.

Em 2024, devido aos bons resultados comerciais, a tendência é que aumente o volume destes certificados em 5% de ambas as certificações. Importante também serão nos próximos anos, a busca de cafés com selos de agricultura regenerativa, já planejados pelos principais compradores mundiais.

Na cultura da pimenta-do-reino, segundo informações da Comunidade Internacional de Pimenta-do-reino, sua projeção de produção mundial em 2024 será em torno de 533 mil toneladas, sendo que o Brasil representa 105 mil (20%). Dentro da produção brasileira, a pimenta certificada representa 5 a 10% deste volume, principalmente, para a certificação Rainforest, G4G e orgânico UE e EUA.

Redação Campo Vivo

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