Uso racional, reservação e investimentos em tecnologia potencializam segurança hídrica no agro

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Dentre os impactos decorrentes da escassez hídrica estão perda da produtividade, qualidade e desenvolvimento das culturas

O calor extremo e a falta de chuvas ainda são um agravante para o Espírito Santo que passa por período de estiagem. Um dos setores que mais sofrem com a escassez de água é o agrícola, haja vista que na produção de alimentos ela é um recurso fundamental para o desenvolvimento do cultivo. O Governo do Estado já estabeleceu critérios para o uso racional da água por imposição de lei, dentre elas o uso de irrigação somente no período noturno.

O engenheiro agrônomo, Elídio Torezani, diretor da Hydra Irrigações, explicou que até setembro o Espírito Santo e o sul da Bahia vinham numa condição de chuvas dentro de uma normalidade, com um janeiro muito chuvoso e inverno com mais precipitações que o habitual. Em outubro, novembro e dezembro foram desastrosos do ponto de vista de chuva.

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“Isso, aliado a temperaturas altíssimas, umidade relativa do ar consequentemente muito baixa, o que impõe condições de evaporações absurdas. As áreas de reservação a céu aberto perdem grandes volumes de água por evaporação, as plantas demandam mais e num cenário de escassez e alto consumo pelos usuários tem levado ao esgotamento dos reservatórios”, explicou o engenheiro agrônomo.

Podemos citar, dentre os impactos diante deste cenário: perda de produtividade e de qualidade final dos frutos; na fruticultura, no caso do mamão os frutos tendem a se deformar; a banana não engrossa a fruta; o coco produz frutos menores; o café nesse momento prova taxas muito acima do normal de abortamento e de maturação precoce, gerando grãos menores que desqualificam o produto comercialmente.

Elídio Torezani | Foto: Divulgação Hydra Irrigações

Além dos impactos, Torezani aponta alternativas para o uso racional da água que passa pela reeducação dos usuários. “Não importa se o produtor tem muita água, quando ficamos 30 ou 60 dias com ausência de chuva, por maior que seja o reservatório, começa o risco de falta. É preciso que nos períodos de abundância se faça uso de forma racional do recurso, imaginando que no futuro podemos ter momentos de escassez”, comentou.

Para isso, é necessário estar atento às tecnologias e ferramentas disponíveis no mercado. “Primeiro é preciso aprender a fazer a agricultura de forma tropical, a conviver com solo protegido de vegetação para diminuir as temperaturas, fazer uso de sensores e equipamentos que indiquem a forma adequada de irrigar. Isso não é capricho, é racionalização”, explicou.

Outro ponto importante é construir nas propriedades estruturas para reservação de água, como as barragens, as caixas secas nas estradas, o terraceamento em ambientes muito declivosos, o reflorestamento das nascentes e o respeito às áreas de Área de Preservação Permanente (APP), e o poder público tem um papel fundamental também nesse contexto.

“O poder público pode interferir profundamente nisso, porque grande parte dos produtores não provê de estrutura de mecanização para construir essas estruturas de reservação e conservação de solo. Linhares é um exemplo de município que faz um trabalho belíssimo de recuperação das bacias hidrográficas com a construção de caixas secas, além dos barramentos comunitários. Esse é um case que precisa ser copiado por muitos municípios no Espírito Santo que não contam com políticas públicas voltadas para isso”, conclui o engenheiro agrônomo.

Redação Campo Vivo

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