Recuperação na safra de café arábica em 2023 não deve acontecer de forma tão significativa, afirma Matiello

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Estresse hídrico já é uma realidade nas principais áreas de arábica e chuva do próximo mês será determinante na produção

As atenções do setor cafeeiro do Brasil já se voltam para a produção de 2023. Após dois anos de bastante instabilidade climática, a próxima safra é esperada com uma possível retomada na produção de café arábica, apesar das preocupações de um terceiro ano com La Niña continuar no radar do produtor brasileiro.

Passada a colheita da safra 22, José Braz Matiello, que esteve recentemente nas principais áreas de produção,  afirmou em entrevista ao Notícias Agrícolas que a produção do ano que vem de fato pode ser maior que a deste ano, mas sem números exuberantes como esperado anteriormente pelo setor.

“As lavouras sentiram bem, principalmente as mais novas. As que produziram desfolharam muito, as que não produziram estão com enfolhamento reduzido, mas ainda assim com capacidade de produzir. Em algumas regiões, vai cair muito a produção para 2023. Deve aumentar visto que essa produção foi muito baixa, principalmente na maior região de arábica (Sul de Minas Gerais, Mogiana e Triângulo Mineiro). A expectativa era de uma alta para 2023, mas essa alta não vai ser tão alta. Acredito que vá aumentar um pouquinho nessas regiões, mas não muito”, disse.

Matiello explicou ainda que, mais uma vez, o limitador da produção é o estresse hídrico já sentido nas principais áreas de arábica do país. Condição que há alguns meses vem sendo alertada pela Fundação Procafé.

“A planta perdeu muita folha, muita folha no chão e a reserva da planta fica nas folhas. Com a florada e crescimento dos frutos, ela precisaria dessas reservas, que agora não existem mais, por isso que vai ter essa redução. A expectativa de florada e frutificação, está muito relacionado com nível de enfolhamento nesse período, como o nível é baixo, a expectativa é baixa. Se florar bem, não vai segurar lá na frente”, complementa.

Já foram registradas algumas floradas pelo parque cafeeiro, condição que ainda não é preocupante para o setor. A expectativa é para o retorno das chuvas nas próximas semanas. A torcida é que diferente do que aconteceu nos últimos dois anos, volte a chover no mês de outubro, mas que também se tenha a continuidade das precipitações no longo prazo.

Safra 2022 

Em 2022, segundo números oficiais divulgados na manhã desta terça-feira (20) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de arábica chegou a 32,41 milhões de sacas, acréscimo de 3,1% em comparação com a safra anterior. “O crescimento é limitado pela falta de chuvas na fase reprodutiva da cultura, ainda em 2021, e pelas geadas ocorridas em junho e julho do ano passado, principalmente nos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais”, avalia a superintendente de Informações da Agropecuária da Companhia, Candice Romero Santos.

Notícias Agrícolas

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