CNC se posiciona em relação à importação de café

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cafe04 cópiaIMPORTAÇÃO DE CAFÉ — Frente ao atual cenário de incertezas quanto ao abastecimento da indústria de café no Brasil e ao posicionamento na reunião do CDPC, de 20 de outubro, dos representantes do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e de um parlamentar da base aliada do Governo Federal sugerindo a importação emergencial de café, obtendo a sinalização favorável do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, o setor de produção, representado pelo Conselho Nacional do Café (CNC) e pela Comissão Nacional do Café da CNA, tem se reunido constantemente com as lideranças da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) para tratar da matéria.

Somos reticentes quanto à importação do café verde em regime de drawback – voltado ao beneficiamento e posterior exportação – e aos impactos que a operação poderá ocasionar aos produtores brasileiros. Nosso intuito, nesse cenário de debates, é evitar medidas surpreendentes e tomadas à revelia do consenso do setor privado.

Recordamos que a matéria foi tratada pela produção em reunião conjunta da Comissão Nacional do Café da CNA e do CNC, no dia 10 de novembro, em Belo Horizonte (MG) e, mais recentemente, na última quarta-feira, 16 de novembro, na sede do CNC, em Brasília (DF). Temos ciência da falta pontual de café conilon ao setor industrial, devido à seca que se prolongou no Espírito Santo por mais de dois anos, reduzindo a produção capixaba, e ouvimos seus representantes, que se comprometeram a elaborar uma proposta às lideranças da produção para que analisemos suas considerações e sugestões e possamos nos posicionar oficialmente.

Também temos feito contatos com o Governo Federal demonstrando nossa preocupação com a possibilidade de perda de competitividade da indústria brasileira e, consequentemente, de market share do Brasil no segmento industrial mundial. Porém, reiteramos que não seremos favoráveis a decisões unilaterais e adotadas à revelia do consenso da cadeia produtiva, que tem intensificado sua sinergia ao longo dos últimos anos.

No que diz respeito ao segmento industrial de torrefação e moagem, alertamos aos seus representantes que se trabalhe a ideia de alteração do blend, ampliando o percentual de arábica na mistura. Em relação ao solúvel, que utiliza 80% de robusta na composição de seus produtos e cuja substituição pelo arábica é inviável em função do baixo rendimento dessa variedade na extração de sólidos solúveis e carboidratos, concordamos em ouvir os argumentos e proposições para, após debatermos com nossos associados, adotarmos uma postura.

Tanto o CNC, quanto a Comissão Nacional do Café da CNA, são, por essência, representes da produção brasileira de café, mas a abertura para o debate saudável junto aos industriais se faz necessária porque, há tempos, a cadeia produtiva precisa se fortalecer como um todo para que todos os elos possam encontrar os melhores caminhos rumo à rentabilidade coletiva, consolidando o Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, também como um grande exportador de produto com valor agregado, já que também encabeçamos o ranking global de colheita e embarques de solúvel, além de alcançarmos resultados excelentes com as remessas de cafés diferenciados e especiais ao exterior.

LIBERAÇÕES DO FUNCAFÉ — O Ministério da Agricultura divulgou, nesta semana, a atualização das liberações de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), que chegou, até o dia 18 de novembro, a R$ 3,341 bilhões, ou 72,55% do total de R$ 4,606 bilhões contratados pelos agentes financeiros (vide gráfico abaixo – clique para ampliar).

Do volume repassado, R$ 1,483 bilhão foram destinados à linha de Estocagem; R$ 804,532 milhões ao Financiamento para Aquisição de Café (FAC); R$ 564,390 milhões para as linhas de Capital de Giro (R$ 258 mi para Cooperativas de Produção, R$ 167,2 mi para Indústrias de Torrefação e R$ 139,1 mi para Indústrias de Solúvel); R$ 481,881 milhões à linha de Custeio; e R$ 7,786 milhões para Recuperação de Cafezais Danificados.

MERCADO — Os preços futuros do café arábica e robusta seguiram tendências distintas nesta semana. Em Nova York, diante da ausência de novidades, o contrato C seguiu pressionado pelo crescimento da aversão ao risco, devido à eleição do republicano Donald Trump para presidência dos Estados Unidos. Em Londres, os futuros do robusta foram impulsionados pela preocupação com a escassez de oferta do produto.

No Brasil, o dólar comercial foi cotado, ontem, a R$ 3,4189, com alta de 0,78% na comparação com o fechamento da semana anterior, apesar das intervenções do Banco Central do Brasil no mercado de câmbio.

Em relação ao desenvolvimento da safra 2017/18 do Brasil, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informou que as condições climáticas têm sido favoráveis à realização dos tratos culturais e que o desenvolvimento dos grãos ocorre de forma satisfatória. Chuvas também beneficiaram as regiões produtoras de conilon, embora a colheita 2017 do Estado do Espírito Santo já esteja comprometida.

Na ICE Futures US, o vencimento março do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,6295 por libra-peso, com queda de 15 pontos frente ao fechamento da semana passada. O vencimento janeiro do contrato futuro do robusta, negociado na ICE Futures Europe, encerrou o pregão de ontem a US$ 2.163 por tonelada, com valorização de US$ 136 em relação à última sexta-feira.

No mercado físico nacional, os preços da saca de café permaneceram praticamente estáveis, em meio a um cenário de não realizações de negócios. Os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 564,63/saca e a R$ 549,11/saca, respectivamente, com variações de 0,24% e –0,28% ante o fechamento da semana anterior.

Silas Brasileiro, Presidente Executivo do CNC

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