Clima é preocupação para a próxima temporada no país

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Foto: Arquivo / Incaper

Se tem contribuído para melhorar a qualidade do café da safra 2018/19, o clima seco nas regiões de produção do Sudeste, principalmente, já levanta preocupações acerca da próxima temporada, a 2019/20.

Chuvas no fim de julho e no início deste mês precipitaram uma pequena florada da próxima safra de café arábica. “As plantas estavam em estresse hídrico pela seca mais alongada. Quando choveu, veio a florada”, diz Úbion Terra, da O’Coffee.

O receio agora é que, se as chuvas não tiverem continuidade, haja abortamento das flores, o que poderia afetar a produtividade.

“O clima está favorável à colheita, a qualidade do café está excelente. (…) Mas o cinturão produtivo de Minas Gerais ficou 94 dias sem chuvas”, observou Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), em entrevista no começo do mês. Em relatório do CNC no fim de julho, o dirigente já havia alertado que como o próximo ciclo do café será de baixa, as condições climáticas podem impactar ainda mais o rendimento da safra.

Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, afirma que as chuvas anteciparam um pouco a florada, mas pondera que a que ocorreu não é a principal delas. Segundo ele, há previsão de chuvas irregulares para setembro, o que pode levar a problemas “pontuais”, mas a perspectiva é de volumes maiores de precipitação em outubro.

Adolfo Vieira Ferreira, produtor em Monte Belo (MG), também avalia que essa primeira florada foi muito pequena e diz que as floradas “de setembro e outubro é que serão para valer”.

Além do clima seco atualmente, Carlos Alberto Paulino da Costa, presidente da mineira Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), lembra que também faltou chuvas em abril, um período importante para a cultura. “Em abril geralmente chove e a umidade fica armazenada. Como não choveu, não existe reserva de umidade” para a nova safra, explica.

Na O’Coffee, a estratégia para que a primeira florada da safra 2018/19 vingue mesmo que não chova volumes suficientes é manter a irrigação dos cafezais. Nas fazendas do grupo, em Pedregulho, na Mogiana Paulista, 60% dos cafezais são irrigados.

Ainda não é possível prever o exato impacto do clima atual para a nova temporada. Mas uma coisa é certa. Com floradas ocorrendo em diferentes momentos, não vai haver homogeneidade na hora da colheita, de acordo com Javier Faus Neto, da Bourbon. “Na próxima safra, dificilmente haverá produto com a qualidade do café desta safra”, lamenta o especialista.

Abic

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