Região norte do Espírito Santo pode fazer parte do roteiro da Caravana Fertbrasil

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Presidente da Embrapa, Celso Moretti, fez o anúncio em videoconferência realizada pelo deputado Evair de Melo

A Caravana Embrapa FertBrasil também poderá incluir em sua programação, além da região de Domingos Martins, outros polos produtivos da região do Norte do Espírito Santo. O anúncio foi feito na manhã desta terça-feira (19) pelo presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Moretti, durante reunião virtual promovida pelo vice-líder do Governo na Câmara, deputado Evair de Melo. O encontro que contou com a participação de dezenas de representantes de entidades produtivas, associações, cooperativas e empresas do agronegócio do Espírito Santo, além de técnicos da Embrapa, faz parte de uma série de rodadas de discussões sobre fertilizantes.

Na videoconferência, Moretti admitiu a possibilidade de que o Norte do Estado também faça parte do roteiro de visitas das equipes técnicas da Caravana FertBrasil, que percorrerão 48 polos produtivos em mais de 40 cidades de dez macrorregiões brasileiras, para promover o aumento da eficiência do uso dos fertilizantes e insumos no campo e estimular a adoção de novas tecnologias e de boas práticas de manejo de solo, água e plantas. A ação faz parte das medidas de curto e médio prazos do Plano Nacional de Fertilizantes, para reduzir a dependência externa por importação de produtos e tecnologias, situação que se agravou devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia.

NORTE DO ESTADO

“O Norte do Espírito Santo é muito rico, principalmente em fruticultura e na produção de café. Por isso, peço ao deputado Evair que elabore uma proposta de roteiro para que possamos rever a programação da Caravana BrasilFert e tentar incluir os polos produtivos do Norte capixaba na agenda das visitações. Isso é bem plausível, considerando que o Estado foi o que mais aumentou o consumo de fertilizantes nas lavouras, em todo o país”, disse Celso Moretti.

Segundo ele, o roteiro da Caravana seguirá as épocas de plantio de cada polo, com a expectativa de beneficiar mais de 20 mil produtores, oferecendo capacitação digital e conhecimento sobre novas tecnologias e novas técnicas agronômicas, para reduzir o uso de fertilizantes. As visitas contarão com a participação de mais de 10 mil profissionais e terão impacto em mais de 70 milhões de hectares de áreas agrícolas no Brasil, onde 80% das 6 milhões de propriedades rurais existentes pertencem a pequenos e médios produtores, que não possuem conhecimento e nem tecnologias para reduzir o uso de fertilizantes.

O presidente da Embrapa disse, ainda, que a Caravana FertBrasil tem papel estratégico para que o agronegócio brasileiro – responsável por 27,4% do PIB Nacional – possa enfrentar a crise mundial de modo a reduzir o uso de fertilizantes em pelo menos 10%, o que pode gerar uma economia de até US$ 1 bilhão em importações de insumos agrícolas na próxima safra. “Só no ano passado, o Brasil utilizou 44 milhões de toneladas de fertilizantes na produção de alimentos, mas 85% desses produtos foram importados, o que significa algo em torno de 37 e 38 milhões de toneladas. No período de 2000 a 2020, o Brasil aumentou em 300% as importações de fertilizantes e reduziu em 30% a produção de nutrientes para uso nas lavouras. Nosso desafio é reverter este quadro até 2050, por meio das ações do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF)”, salientou.

PRIORIDADES

Em sua participação na videoconferência promovida pelo deputado Evair de Melo, Celso Moretti fez uma apresentação técnica do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) e defendeu prioridades, tais como: o uso de fertilizantes agrominerais, a realização de mais pesquisas sobre bioinsumos, remineralizadores e subprodutos com potencial agrícola, e a agricultura de precisão, que define a quantidade exata de adubo a ser utilizada em cada tipo de solo e de lavoura. Ele ressaltou, também, que o Brasil está reinjetando 60% do gás retirado da extração de petróleo para produzir ureia e amônia e que a Vale e a Petrobras precisam voltar a investir na produção de nitrogenados.

O presidente da Embrapa também destacou a necessidade de o Brasil captar mais investimentos para a modernização, reativação e ampliação de plantas industriais voltadas à retomada da produção nacional de fertilizantes e explicou os principais pilares do Plano Nacional de Fertilizantes, que envolvem ferramentas para o planejamento agrícola (onde e quando plantar?); boas práticas agronômicas para o uso eficiente de fertilizantes; novas tecnologias para garantir suprimento nutricional eficiente para as lavouras; soluções digitais para refinar cuidados com as variações das lavouras; e tecnologias sustentáveis de manejo agrícola (por que usar?).

NOVOS FORNECEDORES

Celso Moretti garantiu aos participantes da videoconferência que a dependência das importações de insumos fragiliza o agronegócio brasileiro e que, sem fertilizantes, não há alimentos, agricultura e nem segurança alimentar. Por isso, ele já confirmou visita ao Marrocos, Egito e Jordânia, no próximo mês de maio, para acompanhar o Ministro da Agricultura, Marcos Montes, na busca por novos fornecedores de insumos de produção e de matérias-primas para atender ao setor agropecuário brasileiro.

Já em resposta ao questionamento feito pelo superintendente do Centro de Desenvolvimento Tecnológico do Café, o engenheiro agrônomo Frederico Daher – sobre a eficácia do uso de resíduos minerais produzidos pelo setor de mármores e granitos, para reduzir a necessidade de fertilizantes –, o presidente da Embrapa respondeu que a agricultura é movida pela ciência e que a ciência ainda não avançou nas pesquisas sobre os remineralizadores de solo. “Enquanto as pesquisas nesta área não forem intensificadas, não teremos segurança técnica para afirmar quais são os melhores tipos de rochas, qual a concentração ideal de remineralizadores para cada tipo de solo e como acontece a retenção de água no solo, após a sua remineralização”, pontuou Moretti.

CICLO DE DEBATES

Esta foi a quinta rodada de discussões promovida pelo deputado federal Evair de Melo, sobre o Plano Nacional de Fertilizantes e alternativas para mitigar os impactos negativos do conflito entre a Rússia e a Ucrânia no agronegócio brasileiro. “Nosso intuito, com essas reuniões técnicas, é debater caminhos e contribuir para que o Brasil possa reduzir sua dependência de importações de fertilizantes. Já discutimos isso com representantes de associações, cooperativas e empresas do setor agropecuário do Espírito Santo, e também com a ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina; com o Diretor de Projetos do MAPA, Luis Rangel; e com o Diretor de Geologia e Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Márcio José Remédio”, informou Evair, que também é vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária.

A convite do deputado, a videoconferência desta terça-feira contou com a participação de representantes da Brapex, Cedagro, Coopeavi, CCCV, CCETCAF, Agricultura Forte, Cooabriel, OCB/ES, Uniaves, Senar, Cacal, Incaper, Associação Cacau, Heringer, FAES Cachoeiro, Casa do Adubo, Cafeicultor, FAES, Pinheiros, Solo Fértil, Comissão de Agricultura, Café Calvi Jaguaré e Secretaria de Agricultura de Pedro Canário.

Informações de assessoria

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