Pesquisas definem técnicas para aumento de produtividade e redução de custos para café arábica no ES

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Trabalhos financiados pelo Consórcio Pesquisa Café começaram em 2015

O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) está prestes a concluir novos trabalhos de pesquisa com o café arábica, que contribuem para o aumento de produtividade e a redução do custo de produção para o Estado do Espírito Santo.

Tais trabalhos são coordenados pelo pesquisador do Incaper, André Guarçoni Martins, doutor em Solos e Nutrição de Plantas, e foram realizados em propriedades de cafeicultores no município de Brejetuba, na Fazenda Experimental de Venda Nova do Imigrante, e na Fazenda Experimental Mendes da Fonseca, ambas pertencentes ao Instituto.

Os trabalhos financiados pelo Consórcio Pesquisa Café começaram em 2015 e envolveram pesquisadores e extensionistas do Incaper, cafeicultores de Brejetuba, além de bolsistas de apoio técnico e de iniciação científica. Foram realizados de forma integrada com os extensionistas Fabiano Tristão e Douglas Gonzaga, do escritório local do Incaper em Brejetuba, que foram incluídos desde a elaboração da metodologia dos projetos até a avaliação dos resultados finais.

De acordo com André Guarçoni, nos trabalhos foram avaliadas cultivares de café arábica, espaçamentos de plantio, doses de nitrogênio e índices de sustentabilidade gerados pelo adensamento.

Segundo o pesquisador, o conjunto de estudos demonstrou que as cultivares de café respondem de forma completamente diversa ao adensamento de plantio, chegando a um aumento de 90% na produtividade da cultivar mais adequada para a região. “Também foi comprovada a maior taxa de aproveitamento do adubo nitrogenado em plantios mais adensados, onde se conseguiu um aumento de 150% na produtividade, utilizando-se a mesma dose de nitrogênio”, complementou.

Para Guarçoni, o resultado desmitifica a ideia equivocada propagada por algumas pessoas. ” Elas acreditam que maior número de plantas e maior produtividade necessitam obrigatoriamente de maior quantidade de adubo. Porém, produzir mais café, com a mesma dose de fertilizante ou produzir a mesma quantidade de café, reduzindo a dose de adubo, é mais do que sustentável, é dinheiro no bolso do cafeicultor e qualidade de vida”, pontuou.

Já nos trabalhos financiados pela Fapes, foram avaliados os efeitos do gesso em conjunto com o adubo fosfatado, visando ao desenvolvimento de raízes em profundidade e aumento na produtividade, em casa de vegetação, simulando covas de plantio e, no campo, com plantas em plena produção.

André Guarçoni contou ainda que o experimento realizado em casa de vegetação foi o primeiro do Incaper a irrigar as plantas automaticamente com água destilada, utilizando água descartada pelo destilador para molhar uma horta próxima. “Com a tecnologia, reduzimos a dependência da mão de obra, além de utilizar na horta dos funcionários a água que seria descartada”, ressaltou.

“O diferencial deste trabalho é que os vasos que, no caso, eram tubos de PVC, foram cortados em quatro partes, para avaliar o desenvolvimento das raízes, de acordo com os tratamentos contidos em cada quadrante de solo”, detalhou o pesquisador do Incaper.

Com o conjunto de trabalhos, segundo Guarçoni, foi possível demonstrar a importância do fósforo para o desenvolvimento e a produção da planta, e do gesso para o crescimento de raízes em profundidade, caracterizando o antagonismo existente entre ambos e, nesse caso, sendo calibradas doses de máxima eficiência para os dois insumos.

O pesquisador ressaltou também que tais resultados são a comprovação de várias hipóteses desenvolvidas, desde que iniciou as atividades no Incaper, e que certamente contribuem para o aumento de produtividade e a redução do custo de produção.

“A pandemia não foi motivo para paralisarmos a pesquisa científica no Incaper, pelo contrário, foi um obstáculo que nos tornou mais eficientes, apesar das perdas inevitáveis que sofremos”, disse Guarçoni.

Novo planejamento

Todos os resultados compuseram um novo projeto de síntese de ideias, já aprovado na Fapes, para orientação de um bolsista de Iniciação Científica (IC), que visa à elaboração de um banco de dados integrado, para que novas informações sejam geradas, extraindo o máximo do recurso financeiro e humano empregados.

A proposta inclui a produção de um documento técnico e de cartilhas contendo a tecnologia, além de artigos científicos. “A intenção é continuar a contribuir para a nutrição mais eficaz das lavouras, com custos cada vez mais baixos e adequados à realidade do cafeicultor”, lembrou Guarçoni.

“Agora, começa a fase de difundir a tecnologia. Por isso, há a necessidade de integrar cada vez mais pesquisa e extensão no Instituto, para que o Incaper continue reafirmando à sociedade que não é apenas uma fábrica de papers”, acrescentou.

Incaper

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