Relatório aponta que pode haver incremento de 4,2 milhões de hectares em 20 anos, 79% a mais
Um levantamento mostra a evolução da área irrigada no Brasil. Segundo o Atlas Irrigação, coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), o país alcançou 8,2 milhões de hectares equipados par agricultura irrigada. Segundo o levantamento cerca de 64,5% ou 5,3 milhões de hectares usam água de mananciais e 35,5% ou 2,9 milhões de hectares são fertirrigados com água de reuso. Essa área é equivalente a 8,2 milhões de campos de futebol.
O estudo foi organizado por tipologias de cultura e métodos de irrigação (arroz; cana-de-açúcar; café; culturas anuais em pivôs centrais e demais culturas e sistemas). Essa base técnica única também conta com estimativa de uso da água pela agricultura irrigada, que foi superior a 941 mil litros por segundo em 2019, o que corresponde a 29,7 trilhões de litros ao ano.
O Atlas Irrigação aponta, ainda, que o Brasil tem potencial de expandir sua área irrigada em mais 4,2 milhões de hectares até 2040, o que representa um aumento de 79% em comparação à área atualmente irrigada com água de mananciais.
Há possibilidade de até 22% da área agropecuária atual do Brasil ser irrigada, o que corresponde a cerca de 55 milhões de hectares mas a análise destaca que o volume irrigado só não é maior porque porque não há segurança hídrica, ou seja, limitações na oferta de água. A agropecuária é o que mais utiliza água no Brasil e no mundo. O setor privado ocupa 96,2% da área irrigada, enquanto projetos públicos abrangem os 3,8% restantes. O relatório aponta uma tendência de uso mais racional da água pelo setor.
Outro ponto trazido com exclusividade pelo Atlas Irrigação é o detalhamento dos 28 Polos Nacionais de Agricultura Irrigada, que concentram 50% da área irrigada e 60% da demanda hídrica atual para o setor. Os polos são áreas especiais de gestão dos recursos hídricos para a agricultura irrigada, espalhados pelas cinco regiões do País, e são divididos em três grandes grupos: arroz irrigado, pivôs centrais e outras tipologias.
A agricultura irrigada tem crescido constantemente nas últimas décadas, mesmo em períodos instáveis e negativos da economia brasileira. Entre 2012 e 2019, houve intensificação da atividade com um maior aporte de crédito e investimentos privados. Com isso, o crescimento foi da ordem de 4% ao ano no Brasil nesse período, quando foram incorporados cerca de 216 mil hectares irrigados ao ano. Além disso, em 2019 o valor da produção irrigada superou a marca de R$ 55 bilhões.
A produção irrigada tem uma produtividade de 2 a 3 vezes maior do que áreas de sequeiro (não irrigadas). Outras vantagens são: melhoria da qualidade dos produtos, redução de custos unitários, atenuação dos impactos da variabilidade climática, otimização de insumos e equipamentos, aumento na oferta e na regularidade de alimentos, assim como a modernização dos sistemas de produção.
Além de sua importância econômica, a irrigação contribui decisivamente para a segurança alimentar e nutricional da população brasileira. Alimentos típicos da dieta nacional – arroz, feijão, legumes, frutas e verduras – são produzidos em grande medida por meio da irrigação. No caso do arroz e da horticultura, mais de 90% da produção utiliza o método.
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