Para que as empresas possam reduzir custo de medição na área florestal e também melhorar a precisão dos resultados, o engenheiro eletricista Charles Stempniak criou uma ferramenta capaz de medir qualquer espaço, território, cidade ou empresa a partir de imagens. A técnica foi transformada em um software capaz de captar qualquer imagem que vem da área florestal, rural ou da agricultura e transformar a informação numa espécie de maquete virtual.
A maquete é formada por pontos tridimensionais, e com uma coleção de mil fotos, de 20 megapixels cada uma, a ferramenta cria uma maquete de um bilhão de pontos. A partir da nuvem de um bilhão de pontos, é possível, através de algoritmos, extrair medições. Toda essa tecnologia será lançada oficialmente ao mercado no 5º Workshop Apre/Embrapa Florestas, que acontece nos dias 05 e 06 de julho, na sede da Embrapa Florestas, em Colombo (PR).
“Quando criei o software, o primeiro objetivo não era medir árvore; era medir qualquer espaço. Mas eu encontrei na área florestal uma aplicação imediata, porque havia a necessidade de reduzir custo de medição neste segmento. Antes, o custo era alto e a precisão muito ruim. Agora, com a ferramenta, conseguimos fotografar a área em diversos ângulos, para que essas imagens sejam transformadas em maquete, algo extremamente realista e próximo da escala real. Dessa forma, a empresa utiliza o software para fazer a medida do diâmetro ou da altura de uma árvore, por exemplo”, explica Stempniak.
Para provar a precisão da ferramenta, o engenheiro conta que para se fazer um inventário florestal no modelo tradicional, os profissionais precisam ir de árvore em árvore para obter a medida da altura e o diâmetro dela, e uma pessoa é capaz de medir aproximadamente mil árvores por dia. A partir desta nova técnica, a mesma pessoa, com um drone em mãos e o software, consegue medir 10 mil árvores. “Aumentamos a velocidade do trabalho em 10 vezes. Além disso, a margem de erro era de 10%. Agora, trabalhamos com uma margem de 1%”, destaca.
Segundo Stempniak, é possível fazer o trabalho sem que a empresa adquira o drone, mas ela também pode comprar o drone e fazer o uso do software. Mesmo com esse investimento, os custos da medição acabam ficando entre 20% e 50% mais baratos que o método convencional. Na avaliação dele, as empresas precisam ter a informação da floresta de forma precisa, porque todo o negócio da madeira hoje é feito com base em estimativas de produção. Se a companhia tiver estimativas imprecisas, pode estar lesando alguém ou perdendo dinheiro. “Com essas medições, reduzimos a dúvida nos negócios. A tecnologia ajuda a tomar decisões mais assertivas, com base em informações fidedignas”, garante.
Software – Stempniak criou, há 20 anos, um software para metrologia industrial. Depois, desenvolveu um software e fez um mestrado na área de cálculo de incerteza de medição. Há cinco anos, ele começou um doutorado na área de visão de máquina e criou um software para fazer o computador entender o que ele enxerga através de câmeras. “Uni todas as minhas áreas de estudo e consegui chegar a uma ferramenta que utiliza a imagem de câmeras para fazer medições das coisas. Esse software atual foi todo desenvolvido usando tecnologias de jogos. O aplicativo final é, em essência, um jogo de videogame, que roda até mesmo nos consoles do Playstation ou do Xbox”, comenta.
A empresa ainda está em fase de constituição. Até o momento, os profissionais estão validando a ferramenta, indo até algumas propriedades, fazendo a medição pelo método tradicional e comparando com o método a partir do software. Stempniak já tinha uma empresa de tecnologia, a Smart Matrix, voltada para aplicar tecnologia de drones principalmente para o espaço territorial urbano. Agora, uniu-se à empresa Kolecti, associada à Apre, de Julio César Soznoski, para agregar à nova ferramenta o conhecimento e a experiência do negócio florestal que a Kolecti possui.
“Esperamos atender todas as empresas brasileiras, fazendo desde pequenos a grandes projetos. O lançamento oficial da ferramenta será no workshop. Para que as empresas tenham acesso à tecnologia, recomendamos que façam projetos pilotos para que possam validar por elas mesmas os resultados e confirmar a precisão. Fazendo pequenos experimentos, terão confiança no resultado e poderão validar a técnica”, completa.
Embrapa