Novo cenário da produção de cacau no Brasil

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Além da Páscoa, comemorada por muitos com troca de ovos de chocolates, neste fim de semana, mais precisamente no sábado (26/03), também é celebrada outra data especial para quem aprecia o produto: o Dia do Cacau. Fruta de importância histórica para o desenvolvimento brasileiro, a produção de cacau envolve milhares de propriedades no país, localizadas em sua grande maioria no Sul da Bahia. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as federações da agricultura e pecuária e sindicatos de produtores rurais parabenizam a todos que contribuem para o desenvolvimento da cultura.

A produção de cacau acontece em seis estados brasileiros, alcançando 66 mil propriedades rurais, 33 mil delas no Sul da Bahia, maior estado produtor, seguido do Pará. A elevada rentabilidade obtida com o cultivo, em meados do século passado, e as condições de solo e clima favoráveis impulsionaram a rápida expansão da cacauicultura e a consolidação da agroindústria do cacau no Brasil. Entretanto, no final da década de 80, a atividade foi afetada por uma grave crise estrutural e conjuntural com o aparecimento e a propagação da doença vassoura-de-bruxa.

Os problemas motivaram a reestruturação da cadeia produtiva do cacau e, nos últimos 12 anos, a produção voltou a crescer, reflexo direto da adoção de tecnologias desenvolvidas pela pesquisa e assistência técnica dos centros da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Os resultados são verificados nas safras, desde 2003. Naquele ano, a produção era de menos de 170 mil toneladas e passou, em 2013, para  261,7 mil toneladas de amêndoas secas. E em 2014, a produção continuou em ascensão, com 279 mil toneladas, a maior safra dos últimos 20 anos. Para o presidente da Comissão Nacional de Fruticultura da CNA, Tom Prado, os dados “expressam, além da resiliência da produção nacional, a grande importância que esta cadeia produtiva tem no contexto do agronegócio brasileiro”.

Atualmente, toda a produção da matéria-prima do cacau, (as amêndoas secas), é consumida internamente no Brasil. O processo produtivo inclui basicamente quatro agentes:

• A primeira representa a propriedade rural ou unidades de produção de cacau;
• A segunda etapa são os agentes intermediários, definidos como pequenos, médios e grandes compradores.
• A terceira é formada pelas indústrias de processamento de amêndoas secas para produção de pasta, licor, manteiga de cacau, torta e pó;
• E a quarta e última etapa refere-se à indústria chocolateira do país e às vendas dos subprodutos no mercado externo.

Com foco na retomada das exportações, a CNA está finalizando um estudo sobre a “formação do mercado interno do cacau diante da nova perspectiva do Brasil como exportador do produto”, contratado à Universidade Federal de Lavras (UFLA).  O trabalho deve contemplar estratégias que potencializem a posição do Brasil como grande produtor de cacau e consumidor de chocolate, além de outras formas que auxiliem às exportações.

A história do cacau no mundo – O mundo civilizado só tomou conhecimento da existência do cacau e de chocolate depois que Cristóvão Colombo descobriu a América.  Até então, era privilégio dos nativos que viviam no Sul do México, América Central e Bacia Amazônica, onde o cacau se desenvolvia naturalmente em meio à floresta.  Hoje, quase 5 séculos depois, derivados do cacau são consumidos em muitas formas, em praticamente todos os países, e fazem parte da vida do homem moderno.

Foi usado pelos astecas como moeda, provocou discussão entre os religiosos sobre o seu uso nos conventos devido às suas supostas propriedades afrodisíacas e, por muito tempo, foi consumido como bebida exclusiva das mais pomposas cortes da Europa.  Suas sementes, levadas para outras regiões e continentes, formaram grandes plantações que, hoje, representam importante fonte de trabalho e renda para milhões de pessoas. Na segunda metade do século XIX, foi levado para a África.  As primeiras plantações africanas foram feitas por volta de 1855, nas ilhas de São Tomé e Príncipe, colônias portuguesas ao largo da costa ocidental africana.

O cacau no Brasil, primeiras tentativas no Pará e estabelecimento na Bahia – Oficialmente, o cultivo do cacau começou no Brasil em 1679, com a autorização na Carta Régia para os colonizadores plantá-lo em suas terras. Várias tentativas feitas no estado do Pará para concretizar essa diretriz fracassaram, principalmente, por causa da pobreza dos solos daquela região.  Apesar disso, por volta de 1780, o Pará produzia mais de 100 arrobas de cacau. O cultivo, entretanto, não se estabeleceu naquela época e permaneceu uma simples atividade extrativa por longo tempo.

Em 1746, um agricultor da Bahia recebeu algumas sementes de um colonizador do Pará e introduziu o cultivo no estado. O primeiro plantio foi realizado na fazenda Cubículo, às margens do rio Pardo, no atual município de Canavieiras. Em 1752, foram feitos plantios também no município de Ilhéus. O cacau se adaptou bem ao clima e solo do Sul da Bahia, região que produz hoje 95% do cacau brasileiro. Atualmente, o Brasil é 5° produtor de cacau do mundo, ao lado da Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões.

 

 

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