A três meses da obrigatoriedade do B2 – adição de 2% de biodiesel ao diesel – usinas que produzem o combustível estão paradas porque não existe demanda pelo produto. “Por incrível que pareça estamos no início de outubro e não tem nenhuma negociação aberta. Não encontramos compradores”, afirma o diretor comercial do Grupo Agropalma, Marcelo Brito. Diário do Comércio
Operações estão paradas – A empresa, que já está com as operações paradas, terá férias coletivas em novembro pelo mesmo motivo. “Quando voltarmos, no início de dezembro, iremos produzir o volume para abastecer os testes em nossas fazendas. A três meses do B2 ainda não sei dizer o que vamos fazer”, diz Brito. Em setembro, o grupo concluiu as entregas do leilão da Petrobras e agora se encontra em fase de manutenção. Brito critica a estatal por oferecer preços impraticáveis pelo biodiesel, ampliando cada vez mais a oferta. A opinião é compartilhada pelo diretor comercial da Bioverde, Alexandre Pereira da Silva, para quem ainda não existe um mercado para os produtores que não entraram nos leilões da Petrobras. “Para alavancar o programa de biodiesel estão subsidiando o preço para as distribuidoras”, avalia.
Aditivo – A expectativa do setor para os próximos leilões da Petrobras é a de que os preços sejam corrigidos. Para Silva o ideal seria que o biodiesel fosse considerado um aditivo e não um combustível, assim teria um preço diferenciado, alinhado a demanda. Procurada, a Petrobras não quis comentar o assunto. O Ministério de Minas e Energia definiu na última sexta-feira um cronograma para os próximos leilões de biodiesel promovidos pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Os dois primeiros serão realizados na primeira quinzena de novembro e serão negociados contratos entre os fornecedores e distribuidores para entrega do biocombustível durante 2008 e em dezembro serão realizados mais dois leilões para suprir a expansão do mercado.
Oferta e demanda – A relação entre a atual oferta e demanda de biodiesel é contraditória. De acordo com o presidente do Conselho da União Brasileira do Biodiesel (Unabio), Juan Diego Ferrés, a produção já é o bastante para atender a obrigatoriedade do B2 e a capacidade instalada atualmente já poderia atender também uma possível demanda de B5. O governo federal já sinaliza que deverá adiantar a obrigatoriedade do B5, aumentando conseqüentemente a demanda. No mês passado o assunto foi discutido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e representantes da Unabio. Na ocasião o governo informou que estuda adicionar gradualmente mais 1% de biodiesel ao B2, antecipando de 2013 para 2010 a entrada do B5 em vigor. O objetivo seria induzir o aumento de produção de forma espontânea e conforme a adesão dos produtores a adição passaria a ser obrigatória.
Usinas param por falta de comprador nacional
0
Compartilhar: