UE confirma restrições à carne do Brasil

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A UE (União Européia) confirmou ontem que ampliará as restrições que já aplica às exportações de carne bovina do Brasil devido a “deficiências” no controle sanitário do país. A decisão será anunciada em detalhes na próxima semana, informou a porta-voz do comissário europeu de Saúde.


 


Segundo Nina Papadoulaki, os problemas foram detectados nas inspeções sanitárias feitas pela missão da UE que esteve no Brasil em novembro. “Devido às deficiências encontradas, a UE irá aumentar suas restrições e controles sobre a carne bovina brasileira”, disse a porta-voz à Folha por telefone, de Bruxelas.


 


Ela acrescentou que os resultados da inspeção “ainda estão sendo estudados” e deixou claro que não se trata de um embargo total ao produto brasileiro, como defendem pecuaristas de alguns países do bloco, principalmente ingleses e irlandeses. Três Estados brasileiros, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, estão proibidos de exportar carne bovina à UE desde 2005 devido a casos de aftosa.


 


Atualmente a Comissão Européia exige que a carne bovina que importa do Brasil permaneça pelo menos 90 dias em um Estado em que não haja focos de febre aftosa, antes do embarque. Além disso, o abate deve ser feito em um local aprovado pela União Européia, e somente carne desossada e maturada tem autorização para a exportação.


 


No começo da semana, agências internacionais já adiantavam que os resultados da inspeção sanitária no Brasil levou o comissário de Saúde europeu, Markos Kyprianou, a propor o endurecimento das restrições à carne brasileira.


 


Kyprianou, por enquanto, tem resistido à pressão que sofre há meses de produtores ingleses e irlandeses para impor um embargo total à carne brasileira, mas as inspeções feitas no mês passado acabaram sendo decisivas para o aumento das restrições. Elas devem limitar o número de empresas com licença para vender carne aos 27 países do mercado europeu, um dos maiores consumidores do produto brasileiro.


 


Governo e produtores de carne no Brasil negam que haja qualquer problema com o produto e afirmam que o país está implementando as recomendações dos inspetores europeus que estiveram no país em março. Procurado ontem, o Ministério da Agricultura informou que só deve se pronunciar sobre o tema depois que for informado oficialmente sobre o conteúdo das medidas. O Itamaraty informou que vai aguardar o detalhamento das medidas para se pronunciar.


 


O golpe aos pecuaristas brasileiros das novas restrições à carne bovina para a União Européia ocorre pouco mais de duas semanas após uma vitória celebrada pelo setor.


Depois de dois anos de embargo por problemas de defesa sanitária, a Rússia informou no fim de novembro o reinício das importações de carne bovina e suína provenientes de oito Estados brasileiros.


 


A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) não quis comentar a decisão da UE. Segundo dados da entidade, o setor exportou, entre janeiro e outubro deste ano, US$ 3,7 bilhões. O maior comprador da carne brasileira foi a Rússia, com 27% do total, seguida do Egito, que consumiu 12%. Outros países da Europa, como Reino Unido e Holanda, importaram 9%.


 


Folha de São Paulo

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