Entidades da indústria e de produtores defendem que o governo “endureça” nas negociações com a UE.
Para o presidente da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), Péricles Salazar, a exigência feita pela UE -de o Ministério de Agricultura selecionar 300 propriedades- é inaceitável.
André Müller Carioba Arndt, presidente da ANPBC (Associação Nacional dos Produtores de Bovinos de Corte), diz que a UE faz “jogo de cena”, quando o interesse real é pressão econômica e tentativa de garantia de mercado para a carne da Irlanda.
Arndt diz que as exigências da UE podem se voltar contra a própria comunidade, já que muitos pecuaristas estão preferindo negociar no mercado interno. Ele próprio é um exemplo: consegue R$ 2 a mais por arroba de boi gordo negociando para frigoríficos do mercado interno do que quando vende para exportadores. Ele tem um confinamento para 6.000 animais no Paraná.
O crescimento no consumo de carne bovina no Brasil, que saltou de 36 quilos por pessoa em 2004 para 42 quilos no ano passado, e o fato de que 75% da produção brasileira de carne bovina é comercializada internamente são apontados como trunfos para o Brasil fazer frente à pressão da União Européia. Dos 25% da produção nacional de carne bovina que são exportados, o mercado europeu absorve 27%.
“O Brasil tem condições de barganhar. O embargo europeu pode afetar preços em um primeiro momento, mas não é o fim do mundo e podemos comprar essa briga”, afirma Salazar, da Abrafrigo.
Folha de São Paulo