Depois de quatro anos em crise, com quedas de até 70% nas vendas de máquinas agrícolas, a indústria está em franca recuperação. Na AGCO Corporation, fabricante global de equipamentos agrícolas e peças de reposição, que reúne marcas como Massey Ferguson, Valtra, Challenger e SFIL, as vendas globais da empresa cresceram 15%, passando de US$ 3,8 bilhões para US$ 4,7 bilhões. A empresa, cuja sede central é em Duluth, na Geórgia (EUA), projeta que a receita com as vendas neste ano alcancem US$ 6,5 bilhões.
Nos primeiros nove meses do ano o melhor desempenho foi apurado na América do Sul, cujo crescimento no período foi de 47% na comparação com igual período do ano passado. Na região, as vendas unitárias no varejo do setor de tratores cresceram aproximadamente 44% e a de colheitadeiras 64%, nos três primeiros trimestres do ano em relação ao mesmo período de 2006. No Brasil, as vendas cresceram perto de 51% e 126%, respectivamente, no mesmo período.
Em entrevista à imprensa em São Paulo, o presidente e executivo-chefe da AGCO, Martin Richenhagen, não falou em valores, mas disse que a maior parte deste incremento ocorreu no Brasil. “”Em particular, os altos preços das commodities levaram ao expressivo crescimento das vendas””, apontou o executivo. No final de outubro a AGCO anunciou que as vendas na América do Sul atingiram US$ 747,2 milhões.
O presidente também enumerou a expansão da população mundial, diminuição da área disponível para a produção de alimentos, exploração de mercados emergentes, tais como Brasil, Europa Oriental e Ásia, mecanização, mudança nos hábitos alimentares e demanda por energias renováveis como condições para o otimismo na indústria de equipamentos agrícolas.
Apostando neste crescimento sustentado, de acordo com Richenhagen, baseado no cenário econômico e político estáveis, a empresa planeja investir US$ 150 milhões no Brasil nos próximos três anos.
A média será de US$ 50 milhões por ano, contra US$ 25 mi investido em 2007 no mercado brasileiro. Porém, o Real valorizado está afetando negativamente as exportações, que podem cair cerca de 20% até o final do ano.
O vice-presidente sênior e gerente geral da AGCO na América do Sul, André Muller Carioba, ressaltou que o Brasil apresenta algumas condições para o avanço do setor, tais como possuir a maior reserva de água doce do mundo, liderar a produção e exportação de algumas commodities, tais como açúcar, café e suco de laranja e investir na produção de energias renováveis, como o biodiesel.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil possui 318 usinas de álcool em funcionamento. De acordo com Carioba, a previsão é que outras 84 sejam construídas nos próximos cinco anos, o que daria uma usina por mês nos próximos 60 meses.
Outro fator ressaltado pelo gerente geral da AGCO na América do Sul para impulsionar as vendas foi a extensa rede de revendedores. São mais de 3,2 mil concessionários e distribuidores independentes em mais de 40 países. Na América do Sul são 720 distribuidoras, sendo 384 no Brasil.
Folha de Londrina