A liberação da importação de café produzido no Peru foi tema de debate na Comissão de Cooperativismo nesta terça-feira (17). A entrada do grão em território nacional, sobretudo, no Espírito Santo vem preocupando representantes do setor cafeeiro. Eles alegam que o produto poderá trazer algumas pragas para as lavouras capixaba, já que a fiscalização em território Peruano é vulnerável.
Segundo o coordenador técnico de cooperativismo do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) Ênio Bergoli, fungos podem vir nos grãos verdes ou na sacaria e resistem até nove meses em condições adversas. “A monilíase (monília) é um tipo de praga que ataca o cacau, causando prejuízos em determinados casos de até cem por cento da produção, além disso, os grãos poderão trazer outros tipos de fungos perigosos para a cultura do café como o colletotrichum, fusariose e rizoctonia que agem diretamente na raiz da planta”, destacou.
Ainda de acordo com Bergoli, caso essas pragas cheguem ao país o caos poderá se instalar nas lavouras, porque não há produtos químicos registrados para o controle. Ele falou também da concorrência de mercado desleal já que o custo de produção dos Peruanos é inferior por não cumprirem as “premissas da sustentabilidade”.
O presidente da Organização das Cooperativas Brasileira (OCB/ES) Esthério Colnago, reiterou a insatisfação e afirmou que a instituição é totalmente contra a importação de grãos do Peru. “Trazer café de lá pra que? O nosso café é referência no mundo, nós não precisamos trazer café de fora”, questionou.
O presidente do Centro Comercial do Café de Vitória (CCCV) Jorge Luiz Nicchio, falou da situação enfrentada pelos cafeicultores, devido a adversidades climáticas e criticou a falta de diálogo do governo com o setor. “É inadmissível uma atitude impactante ao setor produtivo ser feita sem que seja debatida com o setor. O ES está sofrendo com a seca e ainda vem uma medida para impactar ainda mais o produtor e que atitudes como esta não podem ser feitas da noite para o dia, sem que sejam debatidos com os produtores”, frisou.
Já o vice-presidente da Coopeavi Denilson Potratz, argumentou sobre a valorização do mercado nacional e se mostrou preocupado com os precedentes, além das legislações diferentes que impactam no custo final para produzir. “É preciso valorizar o que temos no mercado nacional antes de olhar para o mercado internacional e abrir precedentes irreversíveis para um futuro próximo. Não podemos pensar em trazer produtos de outros países que não possuem Leis trabalhistas e ambientais tão rigorosas como as nossas”, opina.
O colegiado é presidido pelo deputado Marcos Mansur (PSDB); Hudson Leal (PTN) vice-presidente; Dr. Hércules (PMDB) efetivo; e os suplentes Sergio Majeski (PSDB), Almir Vieira (PRP) e Luzia Toledo (PMDB).
Com informações da ALES e Coopeavi