Sem venda à União Européia, frigoríficos podem demitir

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As novas regras da rastreabilidade – por exigência da União Européia – podem provocar demissões nos frigoríficos brasileiros. As empresas alegam que faltará animal rastreado e terão de remanejar os abates destinados à Europa para o mercado interno.


 


O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento aguarda para a próxima segunda-feira ou no máximo quarta-feira o relatório da União Européia. Mas, por inconformidades observadas pelos técnicos europeus já modificou algumas normas, exigindo, entre elas, uma Guia de Trânsito Animal (GTA) eletrônica, e a permanência do animal há pelo menos 90 dias na área habilitada.


 


“Com a nova normatização vamos ter concentração de animais em algumas fábricas. E, seguramente vão ocorrer demissões”, afirma Mário Luís Pilz, diretor do frigorífico Mercosul. Segundo ele, a falta de animais rastreados vai fazer com que a única opção dos frigoríficos seja a paralisação das atividades ou o direcionamento dos abates para o mercado interno. Opinião semelhante tem o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Pessoa. “As notícias da União Européia são muito preocupantes. Eles vão mudar o critério, fazendo auditoria. Isso é uma forma indireta de diminuir as exportações brasileiras”, afirma. Segundo ele, se isso ocorrer, haverá um excesso de oferta no mercado interno e o preço cairá para a cadeia toda. “Pode ter empresas que fechem se houver um canibalismo pelo mercado, pois o interno não vai absorver tudo”, acredita.


 


No frigorífico Independência foi preciso mudar o sistema de compra. De acordo com o diretor-comercial da empresa, André Skirmunt, até pouco tempo a indústria só adquiria animal rastreado – para atender a todos os mercados -, mas, com a escassez, utiliza os bovinos inscritos no Sisbov apenas para a União Européia. “Como há falta de bovinos, tem frigorífico de mercado interno pagando até mais que o exportador”, reclama. De acordo com o analista Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria, a diferença entre o mercado interno e o externo tem chegado até a R$ 2 por arroba. “O risco do Sisbov ficou enorme e os pecuaristas não se sentem estimulados a participar. Mas, por enquanto, os frigoríficos ainda estão conseguindo se virar”, diz.


 


Gazeta Mercantil

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