A seca que castiga o Norte de Minas provocou a morte de pelo menos 120 mil cabeças de gado na região. A informação foi dada esta semana pelo gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) em Montes Claros, Ricardi Demischelli. A estiagem é considerada a pior da história nessa região do estado, onde, na grande parte dos municípios, não chove há mais de oito meses. Outra conseqüência grave é a falta de água: a maioria dos rios e córregos secou.
Na quarta-feira, a Sociedade Rural de Montes Claros divulgou relatório, com estimativa de que nos últimos nove meses a seca tenha provocado a morte de 100 mil reses. No entanto, o gerente regional da Emater disse que o número de bovinos mortos, devido à fome e sede, pode chegar a 150 mil. “Se não chover logo, os prejuízos serão muito maiores, pois as reservas estratégicas dos pequenos agricultores – silagens e plantios de cana -, usadas para alimentar o gado durante a seca já se esgotaram”, disse Demischelli. Ainda segundo ele, houve uma redução na produção de leite de 70%, atingindo, principalmente, os produtores que têm na atividade a única fonte de renda durante o período da seca.
O presidente da Sociedade Rural de Montes Claros, Alexandre Vianna, encaminhou um relatório sobre os danos da seca ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, pedindo socorro do governo federal para o combate aos efeitos da estiagem. Cópias do documento também foram enviadas para os ministros Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e Walfrido dos Mares Guia (Coordenação Política), além do secretário de Estado da Agricultura, Gilman Viana Rodrigues.
Até agora, conforme a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), 103 municípios decretaram estado de emergência devido à seca, a grande maioria no Norte de Minas. “A situação aqui piora a cada dia e precisamos de uma ação urgente dos governos federal e estadual para que não só os produtores rurais, mas outros segmentos da população que também estão sofrendo com a seca, tenham algum apoio para superar esse momento de dificuldade”, disse Alexandre Vianna.
Os agricultores estão tentando suspender ou prorrogar dívidas rurais junto aos bancos oficiais e particulares. Reivindicam também a abertura de crédito especial para a compra de ração para o gado.
O governo do estado anunciou uma série de ações para socorrer os flagelados da seca, que, de acordo com números da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), somam mais de 100 mil pessoas. Uma das medidas é o envio aos municípios de caminhões-pipas, contratados pela Copasa. Até agora foram contratados 51 caminhões, informou a Cedec. Além disso, já foram distribuídas 19 toneladas de cestas básicas. Outra medida foi a aquisição de oito mil cisternas plásticas, cada uma com capacidade para oito mil litros de água, enviadas para as comunidades.
Estado de Minas
