Santa Catarina, único estado brasileiro reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como livre da febre aftosa sem vacinação, aproveitou a visita, ontem, da delegação italiana em Lages, para mostrar que vai intensificar ainda mais as ações de combate à doença. Em solenidade, o governo catarinense lançou oficialmente o Projeto de Rastreabilidade dos Bovinos e Bubalinos (SRBov-SC). O programa prevê a identificação de 100% do rebanho bovino e bubalino (3,5 milhões de animais) de Santa Catarina até o final de junho de 2008.
“Com esta identificação será possível saber de qual município e propriedade provém cada animal ou a sua carne, caso já tenha sido abatido para consumo”, diz o secretário estadual da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Antônio Ceron. Segundo ele, o animal será eliminado do rebanho, se não for rastreado no primeiro semestre do próximo ano. Todas as propriedades que possuem bovinos e bubalinos serão cadastradas e cada animal receberá um brinco de identificação oficial do estado, com características visuais e eletrônicas.
A comitiva italiana chefiada pelo ministro da Agricultura da Itália, Paolo di Castro, demonstrou interesse em importar bezerros vivos, de seis a oito meses de idade, ao visitar ontem uma propriedade produtora de bovinos em Lages (SC).
O foco está nos machos castrados, principalmente de raças de corte, como a francesa charolesa, mas também oriundos de cruzamentos de charolês com outras espécies européias. Segundo o diretor de Defesa Agropecuária da Secretaria de Estado da Agricultura, Roni Barbosa, Santa Catarina possui 354 produtores com condições de fornecer este produto. “A disponibilidade de animais com este perfil é pequena, de seis mil a oito mil animais por ano, e somente nos meses de maio e junho de cada ano”, afirma Barbosa.
Segundo ele, os italianos pretendem levar os bezerros e criá-los na Itália por mais 10 meses para só então abatê-los e vender a carne. O diretor explica que, em função do baixo custo de produção no Brasil, é mais barato importar os bezerros de Santa Catarina do que criá-los na Itália. “O custo de produção aqui é de cerca de 1 euro/quilo de peso vivo e com transporte, impostos e taxas vão chegar na Itália a 3 euros/quilo”, diz Barbosa.
Gazeta Mercantil