Os exportadores de carnes e leite cobraram ações do ministério da agricultura para evitar que barreiras sanitárias afetem o fluxo dos negócios com os principais mercados brasileiros. As demandas do setor foram apresentadas ontem aos diretores da Secretaria de Relações Internacionais (SRI) do ministério, em encontro realizado na Superintendência Federal de Agricultura em São Paulo.
Para o presidente da União Brasileira da Avicultura (UBA), Zoe Silveira, além de cuidar do setor de defesa agropecuária, o País precisa criar credibilidade. “”As constantes mudanças na área técnica deixam o Brasil sem credibilidade””, afirma. Silveira pediu à SRI avanços na discussão sobre regionalização. Segundo ele, a medida é fundamental para evitar que “”se algum Estado tenha problemas sanitários, os demais sejam afetados””.
Os exportadores de carne questionaram as barreiras ainda impostas pelo Chile ao produto brasileiro. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) enviou ao ministério um pedido para que o Brasil reavalie os acordos firmados com os chilenos nas áreas de pesca e a produção de uvas e kiwi. Segundo a associação, os chilenos estariam usando corantes e aditivos, além de oxidantes no salmão criado em cativeiro. O secretário informou que o governo fará nova inspeção do parque pesqueiro chileno. Já as frutas podem estar contaminadas com uma praga que ainda não existe no Brasil.
“”A solicitação foi enviada porque estas fragilidades podem ser usadas como instrumento de barganha para o Chile rever as sanções impostas à importação de carne brasileira””, afirmou o diretor executivo da Abiec, Antonio Camardelli. O Chile impôs embargo total à carne brasileira em outubro de 2005, por conta dos casos de aftosa no Brasil. Desde então, apenas o Rio Grande do Sul foi liberado para exportar o produto, segundo Camardelli. “”Não faz o menor sentido a barreira chilena. Não tem respaldo técnico e não atende aos princípios da OMC, do qual o Chile faz parte””, argumenta o diretor da Abiec.
O setor de lácteos, cujas exportações crescem gradativamente, entregou aos diretores do SRI documento com as principais demandas do setor.
O secretário de Relações Internacionais, Célio Porto, explicou que as demandas do setor apresentadas ontem serão compiladas e levadas às secretarias de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Agroenergia e de Defesa Sanitária. Na próxima semana, os diretores do SRI irão se reunir com as principais entidades de classe do setor, como Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sociedade Rural Brasileira (SRB) e Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), entre outras.
Folha de Londrina