Três mil mudas começaram a ser plantadas nesta quarta-feira (23) em comemoração ao Dia Mundial da Água. A ação foi realizada às 9 horas, em uma propriedade rural de Guaçuí que é atendida pelo Programa Reflorestar, coordenado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), com apoio do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), da Associação de Engenheiros Florestais do Espírito Santo (Aefes) e da Prefeitura Municipal de Guaçuí.
As comemorações incluíram ainda uma solenidade em Alfredo Chaves, às 10 horas, para entrega de um cheque simbólico para produtores rurais do Programa Reflorestar na Bacia do Benevente, que também recebeu seu Plano de Recursos Hídricos.
"Passamos por um momento desafiador na gestão dos recursos hídricos do Estado. Precisamos nos mobilizar para avançar na mudança da atual relação dos brasileiros e capixabas com os recursos naturais. Ao invés de criticar ações exploratórias do passado, precisamos fazer um reequilíbrio dos recursos naturais existentes e para isso é necessário avançarmos no plantio de árvores, preservando nascente. Precisamos refletir e evoluir", analisou o governador Paulo Hartung.
O governador disse ainda que além de uma ação educacional, a medida é um projeto piloto em que o Governo do Estado estuda uma ação ampla de mobilização junto aos municípios.
"Ontem foi Dia Mundial da Água e anunciamos um novo programa para reservação de água. É um programa com investimentos da ordem de R$ 60 milhões, mas não adianta ter barragem e reservatório se não tiver produção de água. Esse projeto de hoje é piloto. Precisamos fazer ações como essa, mas em longa escala. Precisamos sair desta agenda como multiplicadores de uma consciência da sustentabilidade. Precisamos construir soluções para ampliar a preservação do meio ambiente, o que auxiliará no enfrentamento dos fenômenos climáticos extremos", adiantou.
– Plantio
O plantio foi realizado na Estância São Lucas, do proprietário João Batista de Oliveira Gomes e de sua mulher, Maria Aparecida Guedes Gomes.
A área plantada irá cobrir 1.8 hectares com as três mil mudas, que servirão para a recuperação da região.
João Batista realizou palestras nas escolas da região para conscientizar os estudantes, explicando como usar hidrogel e inserir as plantas na cova.
Participaram aproximadamente 150 alunos da Escola Estadual Antônio Carneiro, EMEF José Antônio de Carvalho, Colégio Israel e Escola Estadual Monsenhor Miguel de Santos.
– Bacia do Benevente
Por meio do Programa Reflorestar, serão beneficiadas 50 propriedades localizadas na Bacia do Rio Benevente, situada entre os municípios de Alfredo Chaves e Anchieta. Além de ajudar na recuperação de beiras de rios e córregos e de áreas de recarga de água, no local de plantio serão recuperadas pelo menos 20 nascentes.
No total, serão investidos R$ 1.351.108,3 para a recuperação de 159,29 hectares e a conservação de outros 411 de floresta em pé.
Quem recebeu o cheque simbólico homenageando todos os 50 produtores atendidos em 2015 pelo Reflorestar na Bacia do Benevente foi o produtor Ricardo Sardi, que subiu ao palco acompanhado de seu neto.
“Estou muito emocionado, porque planto desde a idade do meu neto e hoje planto para recuperar, e eu percebo que minha água nunca diminuiu, está sempre a mesma", disse.
Os produtores irão plantar aproximadamente 169.250 mudas de espécies da Mata Atlântica, além de mudas que conciliam proteção do solo e da água, com a geração de renda para o proprietário, possibilitando a formação de Sistemas Agroflorestais, uma das modalidades do Programa Reflorestar.
Por meio desses arranjos florestais, a recuperação da área é aliada ao cultivo de cacau, café, açaí, banana, seringueira, pupunha e outros.
A Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) também realizou a entrega do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Benevente.
Com uma metodologia inovadora e participativa, este é o segundo plano a ser entregue no Estado (o primeiro foi o da Bacia do Rio Doce).
"A partir dessa nova consciência, vamos encontrar mobilizadores, pessoas que monitorem o que está sendo feito na sua comunidade, que acompanhem seus vizinhos, se tornando multiplicadores dessa ideia. Assim, vamos perceber de fato a dimensão do que tem sido realizado por meio de programas de larga escala como o Reflorestar", disse o secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rodrigo Júdice.
"O Plano de Recursos Hídricos não é o documento em si, mas todo o processo de construção desse documento, e também todo o processo que será necessário para tirá-lo do papel", afirmou o diretor-presidente da Agência Estadual de Recurso Hídricos (AGERH), Paulo Roberto Paim.
Participaram do evento o governador Paulo Hartung, o chefe de gabinete do governador, Neivaldo Bragato, o presidente do Fórum de Comitês de Bacia, Élio Castro, o presidente do Comitê de Bacia do Benevente, Sinval Rosa da Silva, o prefeito de Alfredo Chaves, Roberto Fiorin, entre outros prefeitos da região.
– Programa Reflorestar
Criado a partir de experiências acumuladas nos últimos 10 anos, o Programa Reflorestar tem como objetivo promover a restauração do ciclo hidrológico por meio da conservação e recuperação da cobertura florestal, com geração de oportunidades e renda para o produtor rural, incentivando a adoção de práticas de uso sustentável dos solos. O mecanismo de estímulo é o de pagamento por serviços ambientais.
"Em 2015, foram atendidos mais de 1.800 produtores rurais em 73 dos 78 municípios capixabas. Isso representa um investimento de R$ 28 milhões, permitindo iniciar a restauração de pelo menos 6.000 hectares de florestas e reconhecer outros 6.000 hectares de florestas conservadas", explicou o coordenador do Programa Reflorestar, Marcos Sossai.
Atualmente, existem 4.117 produtores cadastrados no Reflorestar. A meta para 2016 é atender mais 1.600 produtores rurais, o que deverá permitir iniciar a recuperação de cerca de 4.600 hectares e investimentos da ordem de R$ 25 milhões.
O Reflorestar cria estímulos para a adoção de novos sistemas produtivos de base florestal e de alternativas econômicas sustentáveis. Além da preservação da floresta existente e da recuperação da mata nativa, também são incentivadas práticas como os sistemas agroflorestais, onde é possível conciliar culturas como cacau, palmito, café, seringueira, banana, entre outras, com espécies da Mata Atlântica.
Outra possibilidade são os sistemas silvipastoris, que consistem em plantar algumas espécies florestais no pasto. Com isso a produtividade é melhorada e o processo de infiltração da água no solo facilitado.
Os produtores rurais recebem recursos financeiros para aquisição de mudas e outros insumos necessários para promover a implantação da nova formação florestal na propriedade. Desta forma, ao aumentar a capacidade de infiltração de água no solo, as novas florestas ampliam a oferta d’água e regularizam a vazão de nascentes.
São modalidades do Programa Reflorestar: Floresta em Pé, Sistema Silvipastoril, Sistema Agroflorestais, Recuperação com Plantio e Floresta Manejada.
Amanda Amaral