Depois de três anos consecutivos de crise, os agricultores brasileiros animaram-se com a possibilidade de novas altas nos preços das principais commodities no mercado externo e apostaram suas fichas na safra 2007/08, que começa a ser plantada neste mês. Parte do entusiasmo murchou quando eles resolveram comprar os insumos para o cultivo das lavouras.
Um estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra aumento nos custos de produção nas principais culturas do País. A alta foi determinada porque houve forte elevação nos preços de fertilizantes e matérias-primas. Os produtores gastaram 19,7% a mais com fertilizantes entre os meses de julho de 2006 e de 2007, mostra o levantamento, feito pela primeira vez pela Conab. O preço do superfosfato simples, por exemplo, que é muito utilizado na agricultura, subiu 35,4% em 12 meses.
Para o diretor de Logística e Gestão Empresarial da Conab, Silvio Porto, não se pode falar em desabastecimento. “”Não falta produto, mas os preços subiram muito.”” O presidente da Câmara Setorial de Insumos Agrícolas do Ministério da Agricultura, Cristiano Walter Simon, avalia que a alta nos preços dos fertilizantes no mercado interno é reflexo da escassez mundial.
Além do Brasil, países como China e Índia estão demandando maior volume de fertilizantes para o plantio da safra. “”A declaração do presidente (George W.) Bush de que os Estados Unidos investiriam na produção de álcool a partir do milho deu início a uma corrida para a produção de etanol e de alimentos””, completou o diretor secretário da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), Eduardo Daher.
Além do cenário externo, o diretor da Conab acredita que a concentração do mercado brasileiro nas mãos de poucas empresas influencia os preços. O diretor da Anda rebate e diz que não é possível encontrar adubo barato em nenhum país.
“”Os preços estão em alta e, mesmo assim, os produtores brasileiros estão comprando mais. O otimismo é muito grande””, completou Daher. Segundo a Anda, as entregas de fertilizantes ao consumidor final cresceram 44,5% entre janeiro a agosto na comparação com igual período de 2006. As importações avançaram 59% entre janeiro e agosto. Os estoques em poder das indústrias caíram 5%, para 5 milhões de toneladas no fim de agosto, volume que, para Daher, é suficiente para atender à demanda.
A venda de fertilizantes deve somar 25 milhões de toneladas neste ano, calculou Porto. Nesse quadro, o governo tem monitorado a situação para evitar abusos. Em agosto, a Câmara de Comércio Exterior aprovou a inclusão de dois tipos de fertilizantes na lista de exceção à Tarifa Externa Comum. Com a decisão, os impostos caíram de 6% e 4% para zero.
Agência Estado