Um grupo de 15 produtores avícolas de Postura Comercial, de Santa Maria de Jetibá, foi ao interior de Minas Gerais para conhecer uma nova opção de processamento de esterco.
Os avicultores puderam acompanhar de perto o funcionamento de um biodigestor, equipamento que acumula biogás a partir da fermentação dos dejetos in natura. O biogás, composto principalmente por metano é uma fonte muito boa de combustível, podendo ser usada na queima ou na aplicação em veículos com motores adaptados a funcionar com o combustível.
O equipamento, que é muito comum na suinocultura, vem surgindo como uma interessante alternativa para a avicultura. Pelo Brasil já existem experimentos que vem sendo testados há cerca de quatro anos.
De acordo com Éden Nagano, do Departamento Comercial da Sansuy, empresa que está realizando o experimento no interior de MG e que apoiou a ida do grupo do ES, o equipamento vem mostrando que o esterco das aves possui grande eficiência na geração de biogás, maior até do que na produção de suínos e bovinos, por exemplo. “A nossa empresa instalou esse equipamento a cerca de três anos e o que podemos ver é uma grande eficiência na geração de biogás de boa qualidade e tratamento de efluente”, destaca.
De acordo com a AVES – Associação dos Avicultores do Estado do ES, o setor local vem buscando desde 2010 alternativas complementares para tratamento de esterco, que possam ser adaptadas a fatores locais, especialmente clima e topografia. O setor tem buscado soluções fora do país, inclusive, conhecendo tecnologias na Alemanha, Estados Unidos e até na China em 2015.
Conforme o Diretor Executivo da Entidade, Nélio Hand, além de ser hoje um importante insumo para a produção agrícola, o esterco num futuro próximo pode se tornar uma fonte de geração de energia elétrica. "Além de abastecer o próprio setor produtivo com a energia produzida com esses equipamentos, assim como já ocorre com a suinocultura, vemos que a população também pode ser beneficiada com o fornecimento dessa energia. Isso em tempos de escassez de fontes energéticas poderá ser uma boa alternativa", destaca o diretor.
Além de ser um formato para geração de energia, o processo mostra-se como importante fonte de adubo líquido, podendo ser usado em lavouras através da fertirrigação, contribuindo assim como o esterco, em uma importante fonte para a produção de orgânicos. "A produção de holerícolas, hortaliças, frutas e várias outras produções que abastecem os grandes centros e a Ceasa, dependem enormemente do esterco, inclusive os produtos classificados como orgânicos", ressalta Hand.
Luis Carlos Brandt, Gerente Executivo de produção de aves da Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), disse que a instalação visitada demonstra que existem alternativas complementares ao atual sistema de compostagem adotado, e que ainda apontam viabilidade técnica e econômica, principalmente pela geração de energia elétrica, que pode contribuir para o resultado econômico do avicultor. “Devemos agora analisar quais as possibilidades de integrar o sistema de biodigestão a realidade da avicultura de postura de Santa Maria, que possui suas particularidades, compreende uma diversidade de produtores e com variadas escalas de produção”, enfatiza.
Para Manfredo Kruger, Secretário de Agropecuária do Município de Santa Maria de Jetibá, que acompanhou o grupo na visita técnica, o modelo visto é interessante, mas entende que o processo requer que vários atores se envolvam para que possa se transformar numa alternativa para o esterco, bem como uma nova fonte de energia elétrica. “Vimos naquela estrutura que os investimentos são altos e que a disponibilidade de grandes áreas é fundamental. Vejo que se quisermos incentivar a avicultura local a trabalhar mais essa opção, teremos que envolver, além dos produtores, autoridades desde as municipais até as de âmbito do Estado do ES para que isso ocorra”, destaca.
“Por outro lado, Santa Maria de Jetibá viu a atividade de avicultura crescer nos últimos anos e o município é o que é hoje em razão dessa importante atividade. Nós, como população, também crescemos muito aqui e até em maior proporção do que a própria atividade, mostrando a grande importância social e econômica que a produção de ovos tem para o município. Ao mesmo tempo vemos que a avicultura vem sempre se antecipando e buscando trazer novas alternativas, como a que pudemos constatar na viagem junto com os produtores, e por consequência trazer mais benefícios à população local”, salienta o Secretário.
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