O setor sucroalcooleiro do país tem voltado os investimentos para a produção de álcool – desde o ano passado o mercado açucareiro enfrenta queda vertiginosa dos preços, além de países desenvolvidos estarem aumentando a demanda pelo combustível renovável – e, por isso, o Brasil irá perder a posição de maior produtor mundial de açúcar nesta safra. A Índia ocupará a primeira posição do ranking.
A previsão da Organização Mundial do Açúcar é de que a produção da Índia na safra 2007/2008 seja de 33,15 milhões de toneladas, 8% superior a do ano anterior, e o Brasil fechará este ano com volume equivalente a 31,9 milhões de toneladas de açúcar.
A Índia produz apenas açúcar e, por isso, não possui a flexibilidade do Brasil, que pode remanejar a produção sucroalcooleira de acordo com o andamento dos mercados. E desde o segundo semestre do ano passado, o preço da commodity no mercado internacional tem registrado baixas consecutivas. Em setembro de 2006, o produto estava cotado em US$ 30 o saco de 50 quilos e em novembro chegou a US$ 25.
Em maio deste ano, o preço do açúcar ficou em US$ 19 e em julho apresentou nova baixa fechando em US$ 17, o caso de 50 quilos. A depressão dos valores pode ser justificado pelo fato de que o mundo pode ter produção recorde de açúcar, com 169 milhões de toneladas, 4 milhões de toneladas a mais que a safra anterior.
Divisão – Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado de Minas Gerais (Siamig) e Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de Minas Gerais (Sindaçúcar-MG), Luiz Custódio Cotta Martins, no ano passado o mix de produção brasileira foi equilibrado, sendo 50% da cana-de-açúcar destinada para a produção de álcool e 50% para o açúcar.
Neste ano, a divisão está em 46% da moagem de cana para a fabricação de açúcar e 54% para o álcool, disse Martins, comentando que Minas Gerais segue a tendência nacional e pela primeira vez no Estado a safra será mais alcooleira. Até o dia 31 de julho, o setor em Minas moeu 16,960 milhões de toneladas de cana e desse total 56% serão destinadas para a produção de álcool e 44% para açúcar.
Nesta safra, a produção mineira de açúcar deverá ser de 25,1 milhões de toneladas e a de álcool totalizar 18,6 bilhões de litros. De acordo com Martins, é válido ressaltar que o Brasil ainda é mais competitivo, conta com milhares de hectares de terras agricultáveis disponíveis, enquanto que na Índia não há mais áreas para expansão. “Na Índia, 81% das propriedades são menores que dois hectares”, destacou.
Diário do Comércio