A produção brasileira de soja deve ultrapassar, pela primeira vez, a marca de 100 milhões de toneladas na safra 2015/2016 e o milho safrinha deve superar o volume produzido no ano anterior. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC) comemora as previsões para 2016, elaboradas pela Agroconsult, que sinalizam uma safra positiva para produtores, que devem se beneficiar também pela maior competitividade da produção brasileira no mercado externo garantida pelo dólar mais valorizado.
“Além da alta na produção, vamos comemorar também em 2016 mais um recorde de exportação de soja, que deverá atingir 57 milhões de toneladas, contra 53 milhões de toneladas no ano passado. Nesse cenário, os portos do Norte e Nordeste serão os grandes responsáveis pelo escoamento desse montante extra”, afirma o Diretor Geral da ANEC, Sérgio Mendes.
A Agroconsult consolidou sua previsão com base nas avaliações de campo do Rally da Safra 2016. Organizado pela própria consultoria, o rally tem um total de oito etapas, três das quais já foram realizadas. Os dados completos serão apresentados pela Anec nesta quinta-feira (25), durante o II Seminário Sobre Previsão de Safra, em São Paulo.
Soja
Os resultados da avaliação do Rally da Safra já permitiram à consultoria revisar a estimativa de produção de soja para o ano, passando para 101,6 milhões de toneladas de soja. Esse volume indica aumento de 2,4% em relação à previsão pré-rally – dezembro/15 – e de 5,6% sobre 2014/15. A área plantada também foi revisada para 33,2 milhões de hectares, 3,6% maior que 2014/15.
As principais revisões positivas dos técnicos da Agroconsult se concentraram no Centro-Oeste. Em Goiás e Mato Grosso do Sul, as produtividades foram revisadas em função do bom potencial das lavouras. Já no Mato Grosso, em especial no Médio-Norte do estado, a irregularidade do clima causou prejuízos e trouxe grande variação na produtividade das lavouras, porém em menor escala do que os técnicos esperavam. Já os riscos de perdas concentram-se no MAPITOBA (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia) e Leste de Goiás, onde o calendário é mais atrasado e ainda há boa parcela das lavouras em período crítico de desenvolvimento, precisando de chuvas para garantir o potencial produtivo.
Milho
A perspectiva da Agroconsult para a safra verão do milho é de 28,5 milhões de toneladas, volume 5,1% inferior ao da safra passada, com redução de 6,8% na área plantada, chegando a 5,7 milhões de hectares. Com o milho segunda safra, os números também foram revisados. A produção é estimada em 58,8 milhões de toneladas, com aumento de 7,7% sobre a safra passada. A área plantada deverá registrar crescimento de 11,6%, chegando a 10,7 milhões de hectares.
Representatividade da ANEC
A ANEC tem atualmente 40 associados incluindo trading companies, cooperativas, prestadores de serviços na área agrícola, entre outras empresas ligadas de alguma forma ao setor de exportação de grãos. A própria diretoria da associação é formada por executivos dessas empresas, que se reúnem trimestralmente para discutir oportunidades e desafios para o setor.
As principais questões hoje em pauta na associação vão desde impactos da burocracia na operação até a necessidade de novos e melhores investimentos em infraestrutura. No primeiro caso, a bandeira da ANEC é a padronização dos procedimentos de liberação de embarque e emissão de documentos nos portos nacionais, algo que facilitaria o planejamento dos exportadores e melhoraria sua eficiência e produtividade. No segundo caso, o debate gira em torno dos modais mais adequados para escoar esses produtos em cada região e quais os investimentos e melhorias que seriam necessários para viabiliza-los.
Atualmente, a grande preocupação da ANEC é a possibilidade de ver a maior conquista do agronegócio brasileiro (Lei 87, de 13 de setembro de 1996) ir por terra, se um decreto promulgado por Goiás vier a ser exercido na prática. Antes da Lei Kandir, os volumes exportados pelo país giravam em torno de 2 à 3 milhões de toneladas. Após a lei entrar em vigor, esses volumes cresceram 18 vezes, tornando-se hoje o sustentáculo da balança comercial brasileira.