Preços dentro da cota européia de frango salgado desagradam

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Três meses depois de ter entrado em vigor, o regime de cotas para os cortes de frango salgado da União Européia está desagradando aos exportadores brasileiros. A razão é que os preços médios de venda dentro da cota – com tarifa de 15,8% – estão quase nos mesmo níveis do extra-cota, que tem taxa para entrar na UE entre 1.024 e 1.480 euros por tonelada.


 


Christian Lohbauer, presidente-executivo interino da Abef, explica que isso acontece porque “a Europa foi muito liberal para emitir as licenças de importação” quando o bloco criou as cotas – em tese para compensar perdas anteriores do Brasil por causa da disputa em relação ao frango salgado.


Segundo ele, como até importadores menos tradicionais obtiveram licenças para comprar frango salgado do Brasil, criou-se um mercado desses papéis na Europa. Cada licença é negociada a 500 euros. Com isso, os importadores acabam pressionando os exportadores brasileiros para obter descontos, já que alguns compradores europeus têm de recorrer ao mercado de licenças. O resultado é que os preços dentro da cota estão em torno de US$ 3 mil por tonelada, “o mesmo que venderia fora da cota”, diz.


 


A expectativa, de acordo com o representante da Abef, era que dentro da cota o frango salgado obteria preços melhores, entre US$ 3.700 e US$ 4.000 por tonelada.


Para alterar esse quadro, a Abef estuda mecanismos para elevar os preços médios. Uma opção em estudo, afirma Lohbauer, é impor limites nos volumes para as empresas exportarem dentro da cota brasileira para frango salgado, que é de 170 mil toneladas por ano.


 


Outra preocupação dos exportadores brasileiros hoje é a alta dos custos de produção por causa da elevação dos preços do milho e da soja. Em setembro passado, o preço médio do frango (produtos in natura e industrializados) foi recorde, de US$ 1.595 por tonelada – estava em US$ 1.270 em janeiro. No período, a Abef estima que o custo de produção do frango tenha crescido entre 25% e 40%, dependendo da região do país.


 


Ele reconhece que não é possível solicitar ao governo que tome medidas para conter as exportações de milho, estimuladas pelos preços altos. Por isso, o setor pede que seja viabilizada a importação de grão transgênico para Nordeste e Rio Grande do Sul pois a alta do milho já afeta a rentabilidade.


 


Conforme Christian Lohbauer, o aumento da demanda de frango na Europa – onde a oferta ficou estável -, a alta da carne bovina no mercado internacional e a doença da “orelha azul” em suínos na China explicam a alta das cotações da carne de frango. Apesar de o Brasil praticamente não exportar frango para a China, o país acaba vendendo mais para Hong Kong, onde há um redirecionamento do produto para o mercado chinês.


 


Em setembro passado, os embarques de frango somaram US$ 386 milhões, alta de 52% ante igual mês de 2006. Em volume, foram 242 mil toneladas, queda de 20% sobre o mês anterior por conta da greve dos fiscais agropecuários, segundo a Abef. No acumulado, as vendas somaram 2,4 milhões de toneladas, alta de 22%, e receita de US$ 3,4 bilhões, aumento de 52%.


 


 


Valor Econômico

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