Preço da carne aumenta na Europa e diminui no Brasil

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O veto à compra da carne brasileira já trouxe conseqüências para o mercado europeu, além do brasileiro. Na Europa, o preço da carne subiu entre 5% a 10% em relação à janeiro, enquanto no Brasil as cotações caíram até 15% nos principais estados exportadores para aquele bloco – Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais. A estimativa de analistas do mercado é que o embargo persista entre 60 a 90 dias, provocando um prejuízo de quase US$ 300 milhões. No ano passado, o bloco econômico respondeu por 30% das vendas brasileiras, totalizando US$ 1,3 bilhão. Em virtude do carnaval, a expectativa é que a partir da semana que vem o setor tenha a real dimensão das consequencias – como o redirecionamento para outros mercados e uma eventual queda nos abates.


Ontem, fontes do setor afirmavam que o bloco exigia a lista de 300 estabelecimentos urgentemente, do contrário não enviaria a missão prevista para o próximo dia 25 e, deste modo, apenas viria ao País em maio. A informação não foi confirmada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Por meio de sua assessoria, o Itamaraty afirmou que ainda está em análise um pedido de retaliação do bloco, por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC). “Ainda estamos em negociação, não temos idéia muito clara das perdas, que podem ser de US$ 80 milhões a US$ 90 milhões por mês”, afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Marcus Vinicius Pratini de Morais. Para o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, o momento é de calma. “Não podemos colocar os pés pelas mãos.


De acordo com a Scot Consultoria, os preços da carne na Europa estão 5,5% mais caros em fevereiro que em janeiro. O quilo estaria custando ?3,25. A analista Maria Gabriela Tonini diz que os valores são os praticados na Irlanda – o lobby dos produtores daquele país é que teria provocado o embargo. Segundo ele, ainda vai demorar um pouco para o consumidor do bloco sentir os efeitos. Ela não acredita, no entanto, que a elevação dos valores possa fazer com que os europeus suspendam o embargo. De acordo com o pesquisador Sérgio de Zem, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), as informações são de aumento de 8% a 10% – ele esteve na semana passada participando de reuniões na Europa. “Mas isso é pouco em relação à expectativa de quanto vai subir, entre 25% e 30%”, afirma. Segundo ele, o aumento deverá ser maior porque os europeus dependem da carne importa e não há volume suficiente de outros mercados – Argentina e Uruguai – para abastecê-los. “A União Européia está tentando gerar um controle de volume para favorecer o seu mercado. A medida não deve ir muito longe, porque a Europa precisa da América do Sul, principalmente do Brasil. Isso vai provocar forte alta no mercado europeu e em um segundo momento eles voltam a comprar”, acredita o analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado.


No mercado interno, a expectativa do setor é que haja um ajuste nos preços. “Não tem como cair tudo o que se falou na semana passada porque há falta de boi para abastecer os frigoríficos”, diz Miguel Cavalcanti, da Agripoint. Na sua avaliação, diferença praticada pode ficar entre R$ 2 a R$ 3 por arroba. “Nesta época do ano é normal poucos negócios. As escalas de muitos frigoríficos estão curtas e, por isso, eles terão de voltar a pagar mais pelo boi”, acredita José Vicente Ferraz, da AgraFNP.


Gazeta Mercantil

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