Os municípios listados pelo governo como foco das ações de combate ao desmatamento coincidem com regiões intensivas no cultivo de soja e criação de gado bovino de corte, o que na avaliação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é indício forte de que a elevação dos preços dessas duas commodities, soja e carne, tiveram participação no crescimento da derrubada ilegal de árvores.
“Um dos fatores que foram apontados para a diminuição do desmatamento, no ano passado, foi a queda nos preços dessas commodities. Agora estamos vendo a alta dos preços influenciar o cenário de forma contrária”, disse Marina.
Ao seu lado, o ministro da agricultura, Reinhold Stephanes, rejeitou a interpretação.
“A soja não pode ser culpada pelo desmatamento descontrolado até porque houve redução da área plantada”, argumentou Stephanes, que apesar da divergência, fez coro ao discurso contra o desmatamento. “Não há necessidade de derrubar árvores na Amazônia para aumentar produção de soja e carne. Há muita área disponível fora da Amazônia”, disse.
Mesmo com a cizânia entre Meio Ambiente e Agricultura, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, acredita ser possível reverter o quadro de degradação ambiental até o próximo balanço de avaliação.
Para a ministra Marina Silva, um dos grandes problemas será a influência do ano eleitoral. Segundo ela, ações de fiscalização do ministério já foram barradas por governos estaduais por motivos políticos. A ministra não disse quais foram os Estados onde o ministério encontrou dificuldades.
Jornal do Brasil