Com um consumo anual de quase 150 milhões de sacas, nunca antes se tinha consumido tanto café no mundo, o que abre importantes oportunidades para os cafeicultores colombianos, disse o diretor executivo da Organização Internacional de Café (OIC), Robério Oliveira.
O brasileiro foi um dos convidados especiais da inauguração da IV Convenção da Aliança Internacional de Mulheres no Café (IWCA), realizada no marco da VIII versão da ExpoEspeciales Café de Colômbia, feira de cafés especiais mais importante da América Latina e Caribe.
Todos os indicadores apontam, disse Oliveira, a um maior crescimento na demanda no futuro. Em 2025, aumentaria para 175 milhões de sacas. O crescimento do consumo interno nos países produtores como Colômbia, nos mercados emergentes e o maior dinamismo dos segmentos de cafés especiais de alta qualidade representam bons incentivos para os cafeicultores.
Oliveira disse que o consumo de café nos países produtores alcança 46 milhões de sacas por ano (31% da demanda mundial) e destacou que, no caso da Colômbia, graças a programas como Toma Café, o crescimento do consumo interno, pouco mais de 5% anual, foi mais dinâmico.
Na última década, os mercados emergentes, como China, Rússia e Coreia do Sul, fizeram a maior contribuição à demanda mundial, com um crescimento médio de 6,5% anual, seis vezes mais que nos mercados tradicionais, já maduros.
No entanto, a maturidade nos mercados tradicionais tem vigorizado com novas tendências de consumo, o que inclui cafés especiais e origens e preparações diferenciadas. “Passou de ser um produto básico para ser um produto associado a um estilo de vida”.
Tudo isso abre importantes oportunidades para os produtores na hora de satisfazer mercados exigentes, que a Colômbia aproveita bem com eventos como ExpoEspeciales, mas também implica desafios para os países produtores em matéria de produtividade e custos de produção.
“Há a necessidade urgente de aumentar a produtividade a nível de fazenda e melhorar o acesso aos mercados, enquanto se promove a igualdade de oportunidades, para que homens e mulheres cafeicultores produzam de maneiras mais sustentáveis mais café e de melhor qualidade”.
No marco do fórum IWCA, que busca fortalecer e potencializar o rol das mulheres na indústria global de café, Oliveira também destacou que um fator chave é potencializar o papel da mulher em toda a cadeia cafeeira. “Temos que criar mais condições para que as mulheres possam produzir mais café e conseguir igualdade de gênero no setor cafeeiro, superar as limitações que freiam as mulheres produtoras”.
“Como temos visto nesse evento, o trabalho tem sido sensacional na igualdade de gênero e há outro aspecto que a Colômbia está começando também a trabalhar, que é o relevo geracional no café. Temos que criar condições para que os jovens voltem à produção de café”. Por último, o diretor da OIC reconheceu que é importante compreender que a igualdade de gênero é um direito humano fundamental e é a base para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas.
A diretora da Divisão de Negócios e Apoio Institucional do Centro Internacional de Comércio (ITC), Aïcha Pouye, reconheceu que os avanços no setor cafeeiro colombiano em matéria exportadora, graças ao trabalho de instituições como a Federação Nacional de Cafeicultores (FNC), pode servir de modelo para replicação em muitos outros países.
“O ITC, como órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), busca fomentar as exportações de países em desenvolvimento e fazemos alianças com instituições locais para poder alcançar mais exportadores. Nesse sentido, a aliança com a IWCA e com a FNC tem sido uma grande aliança, porque temos podido usar o modelo da Colômbia e replicá-lo em regiões como África. Estamos muito orgulhosos do modelo de negócio cafeeiro e queríamos multiplicá-lo a outros setores em outros continentes e países”.
Campo Vivo com informações de assessoria