Nem crise nos EUA deverá afetar renda agrícola brasileira

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A perspectiva de uma recessão econômica nos Estados Unidos ou uma eventual diminuição significativa no crescimento da economia daquele país poderá mudar as projeções para os preços das commodities, incluindo as agrícolas. Na média, segundo estimativas da RC Consultores, as cotações das commodities agrícolas cairiam 5% no ano que vem. Com o novo cenário, o ajuste pode ser de 10% a 15% – considerando todas as commodities.

Mesmo assim, segundo o economista Fábio Silveira, da RC Consultores, a receita da lavoura brasileira não deverá ser afetada significativamente, mesmo se o desaquecimento da economia dos Estados Unidos se confirmar, como efeito da crise no mercado imobiliário. Para Silveira, o valor da produção deverá alcançar R$ 152 bilhões. Neste prognóstico foram incluídos grãos e culturas perenes, como café, cana-de-açúcar e fumo. “Não sabemos, por exemplo, como ficará a taxa de câmbio”, afirma. Pelas projeções iniciais realizadas da consultoria, a receita agrícola no próxima ano será 23% superior à de 2007.

Efeito menor:

Apesar de acreditar que o cenário mundial para 2008 possa ficar mais negativo que o deste ano, Silveira acredita que as commodities agrícolas tenderiam a ter os preços reduzidos com menor velocidade que as cotações de outros produtos (como metais). Uma das razões desse descompasso é que os preços agrícolas subiram menos em 2007.

Além de um desaquecimento da demanda mundial, o economista lembra a questão financeira, que poderá levar: muitos investidores a sair das bolsas, reduzindo os valores das commodities. “Mas, apesar de um possível esfriamento da economia dos Estados Unidos, os produtos agrícolas, especialmente os grãos seguem em patamares acima das médias históricas”, afirma o economista.

Pelas projeções otimistas da RC Consultores, a soja teria uma valorização de 13% em 2008, enquanto o milho subiria 2%, enquanto a carne de frango teria aumento de 2% e o açúcar, 4%. “Vários países estão plantando milho, por causa dos atuais níveis de preço, e isso provocará um arrefecimento nas cotações”, avalia. Historicamente, o grão é cotado a 250 centavos de dólar por bushel e, em 2008, a previsão – sem crise nos Estados Unidos – é de 380 centavos de dólar por bushel. Em 2007, a média dos preços do produto foi de 372 centavos de dólar por bushel.

No cenário sem revisão, a soja ficará a US$ 9,8 por bushel – em 2007 a média foi de US$ 8,6 o bushel. A carne de frango, a US$ 1,42 o quilo, e o açúcar, a 10,3 centavos de dólar a libra-peso. “Mesmo em um cenário negativo a soja deve ter valorização porque houve um encolhimento da área em função do milho”, afirma.

“Os preços internacionais, que estão em patamares elevados, podem encolher além do desejado”, afirma Silveira. Segundo ele, talvez a economia dos Estados Unidos não cresça o que se esperava: 1,5% de aumento do Produto Interno Bruto (PIB). O economista acredita que, somente nas próximas semanas ficará mais claro se isso poderá ocorrer. Silveira afirma que a queda nos preços das commodities ocorrerá por uma menor demanda mundial. “Diminui o volume do comércio mundial, e a demanda chinesa também”, diz. De acordo com ele, isso pode fazer com que a China deixe de ser uma “consumidora voraz”.


 


Gazeta Mercantil

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