Não é somente a cultura de cana-de-açúcar que vai se beneficiar, no Brasil, da empolgação mundial com o etanol. Historicamente associado à subsistência, o milho brasileiro se prepara para se tornar um produto tipo exportação. Como o grão é o insumo do etanol norte-americano, estão se abrindo brechas para que os agricultores nacionais disputem mercados até agora dominados pelos Estados Unidos, maior produtor mundial, mas que cada vez mais consome o que colhe.
Apenas nesta safra 2006/07, o produtor brasileiro colheu 51 milhões de toneladas de milho, exportando 9,5 milhões de toneladas, mais do que o dobro da SAFRA anterior.
“De maneira geral, há crescimento da demanda mundial (pelo milho), porque as pessoas estão comendo mais. O etanol é o segundo fenômeno e, a médio prazo, a tendência é aumentarem as exportações”, afirmou ao GLOBO o ministro da agricultura, Reinhold Stephanes.
Os EUA respondem por 60% das exportações de milho no mundo, ou 53,85 milhões de toneladas. Mas, com o etanol, está elevando seu consumo interno, o que abre caminho para os produtores brasileiros. Somente neste ano, por exemplo, eles venderam para mercados exclusivos dos norte-americanos, como Irã, Espanha, Portugal e Coréia.
“Este é um excelente momento para as exportações brasileiras”, diz o economista da RC Consultores Fábio Silveira.
Contribui para isso a forte expansão econômica de diversos países emergentes. O cenário é bem representado pela China, que, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA, somente na safra 2006/07 vai comprar cem mil toneladas de milho, 60% mais que no período anterior. E esse volume deve crescer mais.
Com tantas indicações positivas, o mercado nacional já aposta que a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) vai modificar seus contratos futuros de milho, passando-os de real para dólar. (AG).
Diário do Pará