Máquinas vão tirar emprego de 180 mil cortadores de cana de SP

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Cerca de 180 mil trabalhadores que atuam no corte de cana em São Paulo devem perder o emprego até 2014, quando termina o prazo para o fim das queimadas em áreas mecanizáveis no Estado. A proporção de emprego em uma frente de trabalho para o corte de 3,2 mil toneladas de cana/dia (média diária de moagem de uma usina em São Paulo) é de 479 trabalhadores. Com a substituição desses cortadores por quatro colheitadeiras, a proporção de emprego cairá para 75 trabalhadores, segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Agroindústria da Cana de Açúcar).


 


O setor sucroalcooleiro emprega cerca de 600 mil trabalhadores na área agrícola. Deste total, 180 mil estão em São Paulo , dos quais 40% voltam para seu Estado de origem após cada safra. Segundo Padua, a Unica já tem programa de qualificação e requalificação profissional. No entanto, apenas 70 mil devem ser reaproveitados em outras funções nas usinas.


 


Em junho, o governo estadual assinou um protocolo de intenções com a Unica antecipando a meta de substituição da queima da cana na lavoura pela colheita mecanizada. O fim da queima dos canaviais em áreas planas foi antecipado de 2021 para 2014. Em áreas de declive, o fim das queimadas passou de 2031 para 2017. São Paulo tem apenas 5% de áreas com topografia acidentada.


 


Maior grupo sucroalcooleiro do país, a Cosan já conta com programas de requalificação profissional, segundo Paulo Diniz, vice presidente de finanças e relações com o mercado. A companhia tem 37 mil trabalhadores, dos quais 20 mil na área agrícola. Diniz acredita que boa parte dos trabalhadores que não for absorvida em São Paulo, poderá migrar para outros Estados que estão expandindo a cana.


 


Um estudo do Instituto de Economia Agrícola (IEA APTA), vinculado à Secretaria de Agricultura de São Paulo, estima que a introdução de máquinas na colheita da cana desemprega cerca de 2.700 pessoas por safra para cada 1% de área mecanizada. Para esse cálculo, o IEA usou informações dos levantamentos da safra 2007/08, como quantidade colhida em média por homem, produção de cana e tempo da safra (assumindo 132 dias efetivamente trabalhados).


 


Atualmente, a mecanização em São Paulo representa 41% do total plantado no Estado, ante uma média de 30% no centro sul do país, segundo Celma da Silva Lago Baptistella, uma das cinco pesquisadoras envolvidas neste estudo, feito a pedido do governo estadual. O setor sucroalcooleiro é um dos maiores empregadores agrícolas.


A preocupação ambiental levou os governos federal e paulista a estabelecerem prazos para a erradicação da queima da cana e, conseqüentemente, acelerou a substituição do trabalho manual pelo mecânico. Segundo o estudo, dificilmente o contingente de cortadores será absorvido dentro do próprio setor ou em outros segmentos agropecuários.


 


Dos trabalhadores que atuam nos canaviais paulistas, 78,6% estudaram, no mínimo, oito anos e 3,7% são analfabetos ou sabem escrever pelo menos o nome. Outros 81,9% têm entre 18 e 39 anos. Cerca de 5% têm acima de 50 anos e 0,3% tem até 17 anos.


 


 


Valor Econômico


 

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