José Roberto Macedo Fontes

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por Franco Fiorot


 


Ano novo. É hora de refletir os últimos doze meses que passaram e fazer os planos para essa nova temporada. Com o início de 2008, quase todo mundo faz uma avaliação do ano de 2007 e já começa a planejar as ações que serão realizadas nesse novo ano, de acordo com as condições específicas de cada negócio e as perspectivas de mercado.


Nesta entrevista especial, o agrônomo (doutor em fitotecnia pela Universidade Federal de Viçosa) e consultor agrícola, José Roberto Fontes, faz uma análise da agropecuária regional em 2007 e fala das expectativas do setor para 2008.


 


 


Campo Vivo: Qual a avaliação que você faz da agropecuária do município de Linhares no ano de 2007?


José Roberto Fontes: Apesar de todos os entraves que a agricultura vem sofrendo ao longo dos anos, eu acredito que temos um saldo positivo. Nós temos alguns programas já implantados, no município de Linhares e região, na questão de renovação do parque cafeeiro e cacaueiro. Vejo isso com bons olhos e acho que houve um avanço. A questão da fruticultura, até mesmo com a instalação da empresa Trop Frutas no município de Linhares, temos boas expectativas com relação a esse fomento. Em relação a silvicultura e a aqüicultura, também vejo com um saldo positivo. E também, por incrível que pareça, o município de Linhares, que é um grande exportador, em 2007 também teve um fortalecimento do mercado interno até mesmo forçado pela questão dólar e real. O mercado interno foi a menina dos olhos de muitos exportadores, principalmente a fruticultura, e eu avalio isso também como positivo. Já a questão da pecuária, tivemos vários debates esse ano (2007), mas vejo que serviu para um crescimento provável em 2008, uma melhoria considerável. Na verdade estamos em um processo de seleção, a área agrícola passando a ser, realmente, uma empresa agrícola.


 


CV: Essa questão da pecuária, nós tivemos dados preliminares do novo Censo Agropecuário do IBGE relatando que houve um aumento das lavouras do país, uma diminuição da área de pastagens, mas ao mesmo tempo um aumento do rebanho. Isso mostra que a pecuária intensiva é a tendência para 2008, o uso de tecnologias aumentando a produtividade e diminuindo a área utilizada?


 


Fontes: Perfeito. Esse é o caminho. E por isso eu tenho dito que Linhares, como todo o Brasil, tem caminhado para as empresas agrícolas, deixando um pouquinho de lado aquelas técnicas já não tão viáveis no dia de hoje. A pecuária intensiva passa a ser um caminho sem retorno, até mesmo pela questão de área. Nós estamos em busca de aumento de produtividade e na pecuária aconteceu isso. É preciso ressaltar também que tudo isso foi graças ao trabalho desenvolvido pelos vários órgãos de pesquisa e assistência técnica, sem os quais seria impossível avançarmos nesse caminho. Inclusive, temos o caso do Incaper recebendo prêmio nacional pela sua atuação. Então, sem dúvida nenhuma, a pecuária está avançando nesse lado da alta tecnologia.


 


CV: O período de seca em 2007 prejudicou bastante a floração do café. A safra esse ano será mais baixa?


Fontes: Sim. Temos essa perspectiva. E temos forçado também o aumento da tecnologia nas lavouras de café, tentando muitas vezes passar já para o plantio irrigado e também para uma tecnologia mais avançada para evitar esses problemas climáticos, pelo menos os contornáveis.


 


CV: Qual seria o caminho em 2008 para a cultura do cacau, que é tradicional no município de Linhares, mas enfrenta uma crise muito grande nos últimos anos?      O cultivo consorciado com outras culturas pode ajudar os produtores?


 


Fontes: Sem dúvida nenhuma. Na verdade, o Incaper tem desenvolvido um trabalho que tem mostrado que o consorcio é uma das saídas interessantes. Eu vou muito de encontro com um problema antigo da área agrícola, que é justamente a parte de comercialização. Pecamos muito nessa questão. Tivemos vários debates em 2007 com relação a esse propósito de melhoria da comercialização dos produtos agrícolas e vejo que um dos problemas do cacau é esse. Em minha opinião, as técnicas culturais desenvolvidas já têm oferecido um bom avanço, mas a parte de comercialização tem que melhorar bastante.


 


CV: Qual a sua expectativa para 2008? Qual a dica que você dá para o produtor?


Fontes: A dica seria justamente essa, trabalhar a ponta final da área agrícola, que é a parte da comercialização. Precisamos muito olhar o zoneamento agrícola, a indicação das culturas nos seus locais ideais, inclusive com variedade e tudo. Também existe uma expectativa de melhoria na infra-estrutura logística, não só do mercado interno, mas também do mercado externo. Outra dica, que é um desafio nosso para uma questão que ainda continua em debate, é em relação aos resíduos de princípio ativo de agrotóxicos nos alimentos. Esse é um problema sério. Aquele produtor que conseguir trabalhar de uma forma ideal a sua cultura vai ganhar bastante no ano de 2008 com a comercialização de um produto seguro.


 

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