Indústria de defensivos aposta na cana-de-açúcar

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O avanço na produção de cana-de-açúcar está levando as indústrias de defensivos a desenvolverem pesquisas de novos produtos a partir do Brasil. Segundo informações das indústrias, as vendas de agroquímicos para cana devem dobrar no país nos próximos cinco anos, alcançando US$ 1 bilhão.

No último ano, o segmento de cana superou o de algodão, tornando-se o segundo principal mercado para defensivos, depois da soja, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag). Em 2006, o segmento de cana cresceu 36,5%, passando de US$ 362 milhões para US$ 494 milhões. A participação sobre o faturamento 9% para 12,6%.

O segmento de algodão, que até 2005 era o segundo mercado para defensivos, teve incremento de participação de 10% para 10,4%, atingindo receita de US$ 405,4 milhões. As vendas para soja recuaram 19,5% no período, passando de US$ 1,873 bilhão para US$ 1,509 bilhão. O mercado total de defensivos cresceu 8% em 2006, chegando a US$ 3,9 bilhões.

“A expectativa para este ano é de que o setor de defensivos tenha crescimento próximo a 15%, alcançando a um faturamento entre US$ 4,5 bilhões e US$ 4,6 bilhões, e certamente a cana terá uma participação mais significativa no mercado”, avalia José Roberto da Ros, vice-presidente do Sindag.

Da Ros observa que a lavoura de cana demanda principalmente aplicação de herbicidas (uma a três por ano) e maturadores – produtos químicos que ajudam a elevar a quantidade de açúcar na planta. “No ano passado a cana consumiu US$ 351 milhões em herbicidas, contra US$ 731,4 milhões da soja. A cana ocupa 6 milhões de hectares e a soja 20 milhões”, compara da Ros.

Na avaliação do Sindag, é muito difícil que a soja deixe de ser a primeira cultura em consumo de defensivos, dada a área cultivada no país e o fato de o consumo de herbicidas, fungicidas e inseticidas ser superior ao utilizado na cana. “Mas certamente as duas culturas tendem a se aproximar em termos de receita gerada para o setor.”

A alemã Basf é uma das empresas que investe em pesquisas para desenvolver produtos para cana a partir do Brasil, nas estações de pesquisa que tem em Santo Antônio de Posse (SP) e Ponta Grossa (PR). A meta, segundo Ademar de Geroni Júnior, gerente de cultivos cana da Basf, é lançar globalmente novos produtos até 2012.

“Em 2005 os produtos para cana representavam 12% do nosso faturamento no Brasil, hoje representa 20%”, afirma Geroni. Neste ano, segundo ele, as vendas de produtos para cana cresceram mais de 20% neste ano, impulsionados pelo aumento da área plantada e pelo maior investimento nas lavouras por parte dos produtores. “A demanda por produtos para cana cresce. Certamente, o segmento neste ano já vai representar mais de 15% das vendas de defensivos no Brasil”, calcula de Geroni.

Gerhard Bohne, diretor-executivo de marketing da também alemã Bayer CropScience, confirma as previsões de expansão do mercado de produtos para cana e projeta para 2010 um aumento da área cultivada no país com a cultura em cerca de 30%, para 9 milhões de hectares. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) projeta para 2010 um aumento da área plantada no país dos atuais 7,5 milhões de hectares para 10 milhões.

“Há dois anos, a cana tinha demanda concentrada no Brasil. Hoje o avanço ocorre no mundo e o Brasil, por sua excelência, atrai investimentos em pesquisa”, afirma Bohne, da Bayer CropScience.

Segundo ele, boa parte dos 500 milhões de euros que a Bayer investirá por ano no desenvolvimento de defensivos será destinado à produtos para cana, que serão desenvolvidos a partir do Brasil. Para isso, a empresa montou uma equipe para realizar os estudos na estação de pesquisas em Paulínia (SP). Na Europa, os estudos serão focados em canola – outra cultura usada para a produção de biocombustíveis.

“O mercado para cana tende a dobrar de tamanho em cinco anos e todas as indústrias terão de desenvolver produtos apropriados às regiões Centro-Oeste e Norte, as novas fronteiras para a cana”, diz Leandro Amaral, gerente de marketing para cana da anglo-suíça Syngenta. Para ele, as indústrias deverão investir sobretudo em herbicidas, inseticidas e maturadores apropriados às pragas e às condições de clima dessas regiões.


 


 


Valor Econômico

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