A insatisfação da missão de técnicos europeus, que no último mês visitou propriedades rurais e estabelecimentos ligados à atividade da pecuária bovina de diversos Estados brasileiros, entre eles Mato Grosso do Sul, pode levar a União Européia a desabilitar o Brasil da lista de países exportadores de carne para aquele bloco. A informação é da secretária de Estado Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias (Seprotur).
“A certificação e a rastreabilidade brasileira foram apontadas como em desconformidade e, para os técnicos, o modelo não dá garantias de eficiência para os importadores europeus”, revelou a secretária que na quinta-feira esteve em Brasília em reunião no Ministério da Agricultura. “Temos que ter clareza que os europeus podem apenas nos advertir sobre a certificação e rastreabilidade ou, até mesmo, desabilitar o país e não suspender definitivamente as compras”, acrescentou.
Segundo Tereza, os pareceres emitidos pela missão ainda são extra-informais e foram repassados ao Ministério da Agricultura em reunião depois das vistorias a campo. “Realmente a certificação e rastreabilidade foram as questões que mais deram problema, sendo que os trabalhos realizados nas regiões de fronteira, tanto em MS, como no Paraná e Mato Grosso, foram elogiados”, frisou.
A secretária lembrou ainda que a missão européia que esteve no Brasil representa apenas 27 países e não a totalidade dos compradores europeus. “Apesar de não serem os maiores importadores da carne brasileira, o bloco é um mercado de peso, já que são mais exigentes, mas pagam mais pela carne”.
Durante reunião realizada ontem, o Governo do Estado revelou que tem estudado um plano estadual diferenciado dos demais Estados para fortalecer o atual modelo de certificação e rastreabilidade numa tentativa de promover as melhorias necessárias. O plano não foi revelado em detalhes, mas a formulação do projeto estaria a cargo da Seprotur, segundo o chefe executivo.
Na avaliação do deputado federal Waldemir Moka, a posição de liderança nas exportações mundiais de carne bovina alcançada pelo Brasil nos últimos anos induz a imposição de barreira por outros países que pretendem desestabilizar o potencial brasileiro. “Somos os maiores exportadores de carne do mundo e temos que nos preparar para acusações, sejam sanitárias, comerciais ou sociais, já que a posição que ocupamos é de grande destaque”, disse. Em reunião com investidores de usinas no Estado, o deputado comparou as restrições impostas à carne às acusações de trabalho escravo e/ou devastação da Amazônia que fazem contra a expansão das usinas. “Toda vez que nos tornamos líder em algum segmento seremos obrigados a nos defender de algum tipo de acusação de outros mercados”, explicou.
Correio do Estado – MS