Não bastasse a seca e a crise econômica e social, a cafeicultura brasileira sofre nova ameaça com a liberação de importação de grãos do exterior. Nessa terça-feira (10), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publicou, no Diário Oficial da União, a Resolução nº 1 do Departamento de Sanidade Vegetal, revogando a Resolução nº 3, de 20/05/2015 que suspendia a importação de café verde do Peru.
“Uma batalha que julgávamos vencida. A abertura de importação é novo golpe na cafeicultura brasileira, que amarga um dos momentos mais difíceis de sua história. É uma ameaça ao trabalho de milhares de famílias que se dedicam em melhorar, a cada dia, a qualidade de nosso café e aos investimentos em pesquisa e extensão rural e”, lamenta o deputado Federal Evair de Melo (PV/ES).
Como procedeu no ano passado, o deputado, que é membro da Comissão de Agricultura e da Frente Parlamentar do Café e da Agropecuária da Câmara dos Deputados, encaminhou, nessa terça-feira, ofício a ministra Kátia Abreu e apresentou um projeto de decreto legislativo para suspender a importação.
“Nossos produtores têm enfrentado sucessivos períodos de dificuldades decorrentes das crises de excesso de oferta, depois estiagem prolongada que afeta a produtividade dos cafezais e a angústia na renegociação de dívidas. É justo abrir mercados entre países e promover dinamismo econômico, mas é injusto colocar em risco a agricultura brasileira”, observou.
Na avaliação de Evair, países concorrentes são muitas vezes mais competitivos em função da inobservância de aspectos relacionados ao meio ambiente e às questões sociais que a atividade precisa observar e respeitar. Ainda, segundo ele, é preciso considerar a existência de subsídios governamentais em países concorrentes do Brasil.
Produção
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de café no mundo, e o Espírito Santo é o segundo maior produtor do país, representando aproximadamente 45% da renda rural capixaba.
O setor é responsável pela geração de 8,4 milhões de empregos e, além disto, uma parcela significativa dos cafés do Brasil é produzida pela monocultura de pequena escala, desenvolvida em mais de 196 mil estabelecimentos da agricultura familiar, distribuídos em 1.468 municípios brasileiros.
A maior indústria do setor de café no País, a 3 Corações, joint venture da companhia brasileira com a israelense Strauss Coffee, anunciou, recentemente, que aposta em uma cápsula totalmente nacional para ser produzida na fábrica construída pela empresa também em Montes Claros (MG) e prevista para ser inaugurada no início de 2017.
“Vamos mobilizar todo o setor no sentido de barrar essa nova e infeliz autorização. Café para nós é história, tradição, cultura e valor do nosso povo”, destacou Evair.
Campo Vivo com informações de assessoria