Os recordes na cotação e produção das principais commodities estão impulsionando a valorização nos preços das terras brasileiras, que nos últimos 12 meses já avançaram 17,8%, em média, e atingiram seu maior patamar em valores nominais, segundo estudo realizado pela Agra FNP.
O destaque fica por conta da Região Norte, com um incremento de 24,6% no último ano, motivado pela procura de grupos atraídos pelos preços baixos na região. “Uma característica da região tem sido a migração de grandes empresas, como BrasilInvest, SLC Agrícola e Brasil Agro”, afirma Carlos Roberto Sonego, corretor e proprietário da imobiliária Terra Sul, localizada em Balsas, no Maranhão.
A região conta com áreas de cerrado onde um hectare pode custar de 25 a 30 sacas de soja e áreas localizadas em mais de 500 metros de altitude que podem custar apenas 100 sacas de soja.
A maioria das companhias que estão se instalando na região atua no setor de grãos. “A BrasilInvest arrendou novas áreas esse ano e deverá tomar posse no ano que vem”, diz Sonego. A BrasilAgro já adquiriu terras no Piauí e a SLC está arrendando novas áreas na região. “Há ainda uma usina de cana-de-açúcar e algumas especulações sobre esse setor, mais não é uma tendência do mercado; a maior procura é, sem dúvida, para grãos”, avalia.
O aumento no preço das terras é uma tendência que deverá permanecer pelos próximos dois anos, quando novos negócios vierem a se consolidar. Sonego destaca que produtores de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso, que também estão vendendo a grandes grupos em seus respectivos estados, agora começam a migrar para regiões mais promissoras, como o próprio Maranhão e o Piauí.
A evolução nos preços das terras teve início com a safra de grãos 2006/07 que garantiu um aumento nas cotações médias de R$ 3,2 mil para R$ 3,8 mil por hectare nos últimos 12 meses, com o que, a uma inflação acumulada de 8,21%, se verifica um ganho real foi de 9,6%. “Commodities como milho e soja passam por um momento muito bom e a tendência de alta dos preços deve se manter nos próximos dois anos, ainda que sujeita a oscilações”, diz a analista do mercado de terras da Agra FNP Jaqueline Bierhals.
A analista ressalta que, mesmo o hectare tendo atingido preços maiores no passado, a escalada de preços nos próximos anos deverá ser mais sólida. “É um ganho de valor que tem mais sustentabilidade, todos os fundamentos apontam para uma valorização de longo prazo”, afirma. Bierhals explica que o preço da terra costuma acompanhar proporcionalmente a alta das cotações; por isso, quanto maior o preço da commodity, mais se valoriza o hectare.
DCI