Os frigoríficos brasileiros iniciaram 2008 indo às compras. Mas apesar de em apenas sete dias três empresas anunciarem R$ 125 milhões em investimentos, analistas acreditam que o ano será de freio no apetite. Nos últimos 12 meses, o setor investiu entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões em aquisições e ampliações.
Ontem, a Sadia S.A. anunciou que está em negociação para a compra da Goiaves, por R$ 60 milhões. Na semana passada, o Marfrig já havia comunicado a aquisição do argentino Mirab por US$ 36 milhões e, nesta, o Minerva teria admitido uma joint-venture a irlandesa Dawn Farms Food.
“As operações do inicio do ano refletem o quadro expansionista do mercado de carne de 2006/07. Mas será um ano de razoável desaceleração desse apetite. O setor não vai ter a mesma liquidez”, afirma o economista Fábio Silveira, da RC Consultores. Pelos cálculos da AgraFNP, o setor investiu no ano passado entre R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões, mas os valores devem cair em 2008 – apesar de a empresa ainda não ter uma projeção. “A impressão que deve ser um ano com menos investimentos, apesar de começar com anúncios, porque a conjuntura é menos favorável”, afirma o diretor da empresa, José Vicente Ferraz. Segundo ele, no caso da carne bovina, a matéria-prima está mais cara, o que pode retrair nas compras. Opinião semelhante tem o analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado. “Os anúncios de agora são uma continuidade do que ocorreu no ano passado. Mas na pecuária de corte, tende a se acomodar”, afirma. Ele acredita que na avicultura os investimentos continuem firmes.
Na avaliação do sócio-responsável da PricewaterhouseCoopers, Raul Beer, o País está se destacado fortemente no segmento de frigoríficos, com a formação de multinacionais que estão em mercados essencialmente de commodities, onde ter escala é essencial, por isso a necessidade de aquisições. Ele acredita que, este ano, sigam os investimentos, uma vez que as empresas se capitalizaram para isso. Por sua vez, o analista Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria, acredita que o setor pode diminuir o volume aplicado para a ampliação de abates, mas não a compra de ativos, sobretudo em segmentos que podem agregar valor ou na diversificação de seus mix. “O dinheiro ainda está farto e o financiamento fácil. E, além disso, pode ter novas aberturas de capital, como o Bertin e o Independência”, acredita. Rosa.
Segundo comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Sadia firmou com os sócios controladores da Goiaves, promessa de compra e venda da totalidade das quotas de seu capital social, pelo valor de R$ 60 milhões. A empresa tem capacidade de produção de 100 mil cabeças de frango por dia e deverá faturar aproximadamente R$ 100 milhões até o final de 2008. Estão previstos investimentos de R$ 70 milhões para a ampliação da produção para 200 mil cabeças de frango por dia a partir de 2009.
Gazeta Mercantil