Floresta em pé é mais lucrativa, defende ONG

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É mais rentável manter uma floresta em pé do que derrubá-la para implantar pastagens ou plantar soja, por exemplo. O argumento faz parte de um estudo de pesquisadores da organização não-governamental (ONG) Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que será apresentado integralmente durante a Conferência das Partes (COP) da Convenção do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) em Bali (Indonésia), em dezembro.


 


O trabalho fez uma avaliação dos custos de oportunidade relacionados com a diminuição do desmatamento: calculamos o quanto nós deveríamos pagar a um produtor para ele não fazer a derrubada e manter a floresta, afirma Paulo Moutinho, coordenador de pesquisa do Ipam.


 


O desmatamento contribui significativamente para a emissão de gases de efeito estufa porque, com a derrubada, o gás carbônico (CO2) estocado nos tecidos das árvores é liberado na atmosfera. Se o desmatamento foi feito por queimadas, além de gás carbônico são liberados outros gases de efeito estufa, como o metano, cerca de 20 vezes mais prejudicial para o aquecimento global que o CO2.


 


Dados da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia mostram que 75% das emissões brasileiras de CO2 são oriundas da mudança no uso da terra, majoritariamente pela conversão de florestas em atividades de agricultura e pecuária.


 


Segundo Moutinho, considerando-se o preço médio de US$ 5 (cerca de R$ 9) por tonelada de carbono que deixaria de ser lançado na atmosfera, a compensação seria mais atrativa para os agricultores que a derrubada da floresta para pastagens e até para plantação de soja, em regiões em que a produtividade do grão é baixa. O dinheiro, segundo o pesquisador, viria do chamado mercado de carbono e de financiamentos de países ricos que se comprometeriam no âmbito da convenção da ONU.


 


Esse mecanismo vai dar um valor que hoje não existe para a floresta. Desmata-se muito em grande parte porque a floresta não tem valor em pé. É comum ouvir na Amazônia que “floresta boa é floresta derrubada”, comenta.


 


 


Correio do Estado – MS

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