O Brasil deve fechar 2007 com exportações de carne de frango, entre 3,2 milhões e 3,3 milhões de toneladas, cerca de 20% mais que no ano passado. O crescimento da receita deve ser mais expressivo: 51%, para US$ 4,8 bilhões, estimou ontem a Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef). Christian Lohbauer, presidente da Abef , disse que 2007 foi um ano de “bom preço médio e de câmbio ruim”. Até novembro, o preço médio de venda dos produtos de frango exportados pelo Brasil foi de US$ 1.490 por tonelada, 27% maior que no mesmo período de 2006.
De acordo com Lohbauer, houve aumento nas vendas para a União Européia, apesar do sistemas de cotas, e para o Oriente Médio. Para Rússia, Ásia e África, as vendas recuaram. Ele explicou que os embarques à Rússia caíram porque algumas plantas exportadoras foram notificadas por acusação de casos de salmonela. Além disso, a Rússia também demorou para reabilitar unidades. “Ano que vem, a Rússia deve mudar o critério de habilitação, certificando as unidades que vendem para a UE”, afirmou.
Outro mercado problemático para o Brasil é a China, que habilitou 24 plantas brasileiras, mas para onde as vendas não deslancham. A razão, segundo Lohbauer, é que a China não tem dado licenças para as importações do Brasil. Além disso, o país quer que governo brasileiro também habilite plantas chinesas para vender frango ao mercado brasileiro. Há ainda a disputa com o frango importado por Hong Kong, US$ 100 mais barato que o comprado por Pequim.
Para 2008, a expectativa é de que os volumes exportados sigam em alta, mas num ritmo mais modesto, entre 6% e 8%. Para a receita com as vendas, a Abef ainda não faz estimativas, mas a avaliação é de que os preços na exportação continuarão firmes. Além da demanda crescente, outra razão é que os preços dos grãos – milho e soja -, insumos da ração, seguem em alta e vêm sendo repassados.
Uma das questões para o setor no início de 2008 é justamente a oferta de milho. Dados da Conab e da União Brasileira de Avicultura (UBA) indicam que o estoque final do grão deve ser de 5,1 milhão de toneladas. Como o consumo mensal no país é de 3,7 milhões, o setor teme pelo consumo em fevereiro e março. “Vai ter milho, mas talvez não no lugar certo”, disse Clóveis Puperi, da UBA, observando que em janeiro só 6% da colheita da safra 2007/08 terá sido feita.
Valor Econômico