A receita obtida com as exportações brasileiras de suco de laranja baterá seu recorde histórico em 2007. Segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus), os embarques renderão US$ 2,3 bilhões, pouco mais de 50% acima do valor total apurado no ano passado (US$ 1,468 bilhão).
Como o volume vendido a outros mercados deverá alcançar 1,4 milhão de toneladas este ano, apenas 7% mais que em 2006 (1,303 milhão), a forte alta do faturamento se explica pela valorização dos envios.
Esta, por sua vez, não é fruto somente da valorização das cotações internacionais. Conforme Ademerval Garcia, presidente da Abecitrus, também pesaram a agregação de valor proporcionada pelo aumento das vendas de suco não concentrado, mais caro, e pelas encomendas de suco concentrado e congelado com característica específicas exigidas por alguns compradores.
De acordo com Garcia, subprodutos do processo de fabricação do suco de laranja, como óleos essenciais e farelo de polpa cítrica, por exemplo, já deverão representar uma receita adicional de US$ 300 milhões nas exportações das indústrias da área em 2007.
Em encontro com jornalistas ontem em São Paulo, o executivo também destacou o crescimento dos embarques de suco produzido em Estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Sergipe e Pará, todos já com fábricas processadoras.
Somados, eles deverão responder por embarques de 100 mil toneladas neste ano. Ainda é pouco perto do que exporta São Paulo, que abriga o maior parque citrícola do mundo e representará todo o volume restante, mas sinaliza a consolidação de uma tendência de desconcentração.
No Paraná, por exemplo, já há quatro grupos que apostam na citricultura, como informou ontem o Valor. Segundo Garcia, grande parte dos projetos fora de São Paulo conta com apoio das gigantes radicadas no Estado (Cutrale, Citrosuco, Louis Dreyfus e Citrovita), que inclusive fazem parcerias para garantir oferta exportável. Em Sergipe, outros quatro grupos investem no ramo.
Esta desconcentração, confirma o presidente da Abecitrus, é, ao mesmo tempo, uma oportunidade de investimento e uma necessidade para as grande exportadoras. Mas, por enquanto, nada capaz de ameaçar a supremacia paulista.
“Isso só vai acontecer se de fato a atividade se desenvolver no Vale do São Francisco. Nesta região nordestina, o potencial de produção de laranja no longo prazo chega a 300 milhões de caixas [de 40,8 quilos]de laranja”, afirma o executivo. A produção em São Paulo gira em torno de 360 milhões de caixas.
Em 2008, Garcia admite que o aumento da receita das exportações perderá fôlego. O aumento do volume vendido não compensará a acomodação dos preços internacionais – decorrente, em parte, da recuperação da oferta da Flórida (EUA), que tem o segundo maior parque citrícola do mundo. “Mas o valor agregado fica”, conclui.
Valor Econômico