Expansão da cana substitui culturas tradicionais em SP

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Em um ano, a cana-de-açúcar plantada nas oito principais cidades produtoras do Estado de São Paulo avançou 231,63 quilômetros, área maior que 27 dos 89 municípios da região individualmente. Em Morro Agudo, Jaboticabal, Batatais, Barretos, Olímpia, Araraquara, Pitangueiras e Guaíra, a produção chegou a 330.535 hectares no ano passado, de acordo com dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano anterior, a área ocupada pelo cultivo de cana atingia 307.372 hectares.


 


A área de crescimento da cana superou, por exemplo, as extensões territoriais de Pirangi (201 quilômetros quadrados), Aramina (199 Km2), Pradópolis (170 km2) e Dobrada (154 km2).


 


O levantamento do IBGE mostra que cinco cidades da região estão entre as 10 maiores produtoras do país. Morro Agudo, que lidera o ranking, é responsável pela produção de 1,7% da cana-de-açúcar do país. Os outros municípios presentes na lista são Jaboticabal (3ª), Batatais (5ª), Barretos (6ª) e Olímpia (8ª), todas produzindo ao menos 85 toneladas de cana por hectare.


 


Essas cinco cidades, somadas, produzem 4,6% de toda a cana do país. Em Barretos, a alta em relação ao ano anterior foi de 29,9% e, em Olímpia, o aumento chegou a 40%. Só Morro Agudo permaneceu, no mesmo período, com a produção estável.


 


“É uma região consolidada com a cana, e o avanço mostra que ainda há onde crescer, em convivência com outras culturas, como as seringueiras”, afirmou João Sampaio, secretário de Agricultura do Estado de São Paulo.


 


O estudo do IBGE indica que a cana avançou sobre outras culturas de maneira pulverizada. Em dois anos, a produção cresceu 332.877 hectares, enquanto as demais culturas, somadas, tiveram queda de 174.036 hectares. O restante do crescimento da cana deveu-se ao avanço em pastagens.


 


Para Maria de Fátima Benincaza, gerente da pesquisa do IBGE, a área plantada teve crescimento devido à necessidade.


 


“Isso ocorreu por necessidade da demanda por álcool no mercado interno, como os carros bicombustíveis”.


 


A expansão do insumo, motivada pelos altos preços do petróleo no mercado internacional, deverá provocar uma verdadeira revolução na geografia energética mundial. De acordo com um estudo do professor Roberto Hukai, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), a intensificação do álcool de cana como alternativa energética global deverá alavancar o Brasil à condição de Arábia Saudita do etanol.


 


O levantamento revela que nenhum outro país, além do Brasil, detém melhor combinação de clima, topografia e produtividade para a produção do etanol em escala para substituir, ou pelo menos minimizar, o uso dos combustíveis fósseis como opção energética. A expectativa, de acordo com Hukai, é de que tal fenômeno ocorra em um prazo de 15 a 20 anos.


 


Jornal do Brasil – RJ 

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