Expansão da agricultura e redução das pastagens

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O primeiro Censo Agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em mais de 10 anos mostrou um novo quadro no setor do País, com expansão de fronteiras agrícolas e redução de áreas de pastagem. Segundo o levantamento divulgado ontem, desde o Censo anterior, de 1996, a área de lavouras no Brasil aumentou 83,5%, enquanto a de pastagens reduziu-se em aproximadamente 3%.

Foram investigados 5,2 milhões de estabelecimentos e os resultados são preliminares. Os dados definitivos serão apresentados em outubro de 2008. Para o gerente técnico do Censo Antonio Carlos Florido, a substituição das áreas de pastagem por lavouras ocorreu por causa da progressiva inserção do País no mercado mundial de produção de grãos (especialmente a soja) e do ganho de eficiência da pecuária.

Segundo ele o aumento da produtividade, em conseqüência do uso de tecnologia, foi o principal fator responsável pelas mudanças ocorridas no setor agrícola desde 1996. “Se a área de pastagem diminuiu e aumentou o número de bovinos, é porque aumentou a eficiência da pecuária”, disse.

Apesar da redução na área de pastagens, o efetivo de bovinos no período de 1996 a 2006 aumentou de 153,06 milhões de cabeças para 169,9 milhões de cabeças no mesmo período.

O Censo mostrou também que a relação entre a população de bovinos e a população humana ficou em 0,92 em 2006 (0,92 cabeça de boi para cada pessoa), um pouco inferior a 1996, quando a relação era 0,97. Em 1996, o Censo havia contabilizado 153,05 milhões de cabeças de bovinos, para uma população de 157,07 milhões de pessoas. Em 2006, eram 169,9 milhões de cabeças, para população de 183,9 milhões de pessoas.

Segundo Florido, 4 mil estabelecimentos agrícolas ainda não foram pesquisados no Censo Agropecuário e incluem grandes pecuaristas. Desse modo, o número de cabeças informadas deve aumentar até a divulgação dos resultados finais do Censo.

De acordo com ele, é possível que os dados definitivos mostrem que a relação de cabeças bovinas para a população seja de um por um, e não o 0,92 como o mostrado até agora. O gerente avalia que os resultados do Censo confirmam um modelo de desenvolvimento do setor com expansão das fronteiras agrícolas. No caso das lavouras, o maior aumento relativo na área ocorreu na região Norte (275,6%).

RETRATO – Por sua vez, os menores incrementos foram observados no Sudeste (50,0%) e no Sul (48,8%) que, segundo observa Florido, são regiões “de ocupação mais consolidadas”. Houve expansão também nas regiões Centro-Oeste (aumento de 95,6% na área de lavouras) e Nordeste (expansão de 114,7%).

Os outros grandes números do Censo Agropecuário indicam, na década 1996-2006, aumento de 7,1% no número de estabelecimentos agropecuários do País e expansão dos principais rebanhos. Além dos bovinos, cresceram também os rebanhos de suínos (14,9%) e aves (73,2%).

No que diz respeito ao número de ocupados, o levantamento revela redução de 8,5% em relação ao Censo Agropecuário de 1996, com recuo de 17,9 milhões (1996) para 16,4 milhões de pessoas (2006). Além disso, aumentou de 75,9% para 78,0% a participação relativa dos membros das famílias dos produtores no total de ocupados.



Diário de Cuiabá

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