Estiagem no interior capixaba é repercutida em plenário

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A estiagem que acomete o interior do Espírito Santo e ocupou posição de destaque na imprensa capixaba foi amplamente debatida durante a sessão ordinária desta terça-feira (11). Os parlamentares avaliaram as consequências da crise hídrica continuada, que tem acometido a produção agropecuária, causando endividamento dos produtores. 
 
Pastor Marcos Mansur (PSDB) iniciou a discussão e classificou o atual quadro como “momento dramático”. “Hoje nós estamos vendo estampadas reportagens onde já está morrendo gado aqui próximo, em Colatina, e nas adjacências já estão sepultando vacas, bois, bezerros por conta da inanição, não tem alimento e nem água”, frisou. 
 
O fato foi confirmado por José Esmeraldo (PMDB). Ele disse que na região de Colatina “vários animais numa propriedade morreram por falta de água e comida, mais de 40. Isso é terrível para o homem do campo”, avaliou. “Acontece em todo o Estado, o Governo Federal tem que rever, o do Estado está fazendo sua parte”, considerou.
 
Mansur destacou ainda a situação dos rios capixabas, dificultando a captação de água. “O Rio Doce já não existe mais, é um filete de água, o Rio Itapemirim não é diferente, o Rio Jucu também. Marataízes, Itapemirim, Presidente Kennedy, estão com problema de captação de água. Em vez dos rios jogarem água para o mar é o mar que está jogando para os rios”. 
 
O parlamentar fez uma reflexão e pediu conscientização da sociedade para tentar estancar a estiagem, o que em sua opinião deve durar até 100 anos para ser revertida. Ele atentou para as questões políticas, se referindo às dívidas dos pequenos proprietários causadas pela seca que não permitiu uma colheita satisfatória. “Entramos num polígono da seca”, caracterizou.
 
Padre Honório (PT) também falou sobre o impacto da crise hídrica sobre a economia do homem do campo. “Temos aí em vista um prejuízo muito grande por parte dos produtores na colheita do café, pimenta, hortaliças, na fruticultura. Todas as atividades agrícolas do Norte do Espírito Santo estão comprometidas”.
 
Honório lembrou de ações que estão sendo colocadas em prática pelo governo do Estado, como o fornecimento de carros-pipa a comunidades mais afetadas, citou o programa Reflorestar (de recuperação ambiental) e a construção de barragens. A iniciativa mais recente foi a situação de emergência decretada pelo governador Paulo Hartung em decorrência da crise hídrica. 
 
“Queremos agradecer o governo do Estado por ter assinado o decreto porque traz aos agricultores da Região Norte e Nordeste um pouco mais de esperança, para não ter que vender o que resta de sua propriedade ou ver seu nome no SPC”, salientou. 
 
Luiz Durão (PDT) contou o caso de um pequeno agricultor que terá de leiloar sua propriedade porque não conseguiu honrar empréstimos realizados para instalar sistema de irrigação. “Vi esse homem chorar e fiz um apelo ao presidente do Bandes, faça um levantamento porque hoje é 100% dos agricultores que estão endividados e não podem pagar. Temos que arrumar uma solução para isso, não é só refinanciar as suas dívidas, o banco precisa emprestar mais dinheiro para ele plantar”, sugeriu.
 
Em aparte, o também pedetista Da Vitória reforçou as informações. “O governo Federal tem que atentar para que esse valor (dos financiamentos) e até ter uma possibilidade de perdão parcial para que nossos produtores possam continuar produzindo”, considerou. “Acredito que nunca vivi esse tempo que estamos vivendo”, emendou. 
 
O deputado Enivaldo dos Anjos (PSD) cobrou uma posição mais atuante do governo do Estado. “Qual é a posição do Banestes, Bandes e Secretaria da Agricultura para viabilizar a prorrogação dos empréstimos e um socorro ao quadro que se encontra principalmente no noroeste do Espírito Santo”, questionou. “Precisamos de um estado mais ágil”, disse. “Não dá para olhar para o céu todo dia e esperar a chuva cair”.
 
Já Rafael Favatto (PEN) salientou a escassez de água para consumo humano em algumas localidades e projetou que o quadro deve se estender para as grandes cidades. “Os agricultores estão sofrendo, mas os próximos serão as cidades que são abastecidas por eles. (…) Em Santa Teresa a cidade quase toda está sendo abastecido por carro-pipa porque não tem água para chegar na torneira”.  
 
 
 
 
Marcos Bonn/Web Ales
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