Empresas do Brasil já têm 51% da exportação global de carne

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Com as recentes aquisições no exterior, os frigoríficos de carne bovina do Brasil já têm, de acordo com estimativas do setor, o equivalente a 51% das exportações mundiais do produto que no ano passado somaram 7,1 milhões de toneladas (equivalente-carcaça). Considerando apenas as vendas a partir do Brasil para outros países – que devem fechar em 2,5 milhões de toneladas (equivalente-carcaça) este ano -, essa fatia é de cerca de 35%.


 


Nem os mais otimistas, como Pratini de Moraes, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), imaginavam tal cenário tão cedo. “Sabia que nossa condição de competição era muito boa, que os países emergentes seriam grandes mercados para o Brasil e que estaríamos no Mercosul, mas ter frigoríficos nos Estados Unidos e na Europa é um lance de coragem”, disse Pratini, referindo-se às recentes aquisições da JBS-Friboi nos Estados Unidos (Swift) e Itália (onde comprou 50% da Inalca).


 


“Ninguém esperava que o Brasil chegasse aí”, admitiu. Ele observou que o que acelerou esse quadro foi a desvalorização do dólar que reduziu os preços dos ativos no exterior. Isso contribuiu para o avanço da JBS e para a consolidação do Marfrig na Argentina e Uruguai, que recentemente fez novas aquisições nos dois países.


Além de a fatia das empresas no exterior aumentar, a aquisição de unidades em outros países também permite acessar mercados que ainda não compram a carne brasileira, como Japão e EUA.


 


Apesar de comemorar o avanço brasileiro no exterior, Pratini, que ontem divulgou as previsões para 2008 e para o fechamento deste ano, voltou a se queixar dos países que impõem restrições à carne brasileira. Segundo ele, o setor exportador e o Itamaraty avaliam pedido de abertura de painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra Chile e África do Sul, que até hoje mantêm embargo à carne bovina brasileira por causa de focos de aftosa no Mato Grosso do Sul e Paraná em outubro de 2005. “Estamos tentando entender por quê [o embargo continua], disse, acrescentando que não há justificativa técnica para a restrição.


 


O Chile, que importou US$ 184 milhões em carne bovina do Brasil em 2005, só retomou as compras do Rio Grande do Sul. Em retaliação à postura chilena, Pratini


sugeriu que o Brasil embargue produtos daquele país, como vinho e salmão.


 


Ele disse esperar que a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) ratifique, em maio próximo, a decisão do Ministério da Agricultura, que reconheceu como finalizado o surto de aftosa no Mato Grosso do Sul. Com isso, avalia, países que embargaram a carne brasileira terão de rever sua posição. Uma missão da OIE está em visita ao país para avaliar as medidas tomadas para erradicar os focos.


 


As perspectivas para 2008 seguem positivas, segundo Pratini, e a previsão é que as vendas cresçam 4% a 5% em volume (ante as estimadas 2,5 milhões de toneladas de 2007) e 10% a 15% em valor, das US$ 4,450 bilhões previstas para este ano.


 


Em 2007, a Rússia foi o mercado mais importante para a carne brasileira, com uma fatia de 27% do volume exportado e crescimento de 50% nas vendas até novembro. A recente liberação de oito Estados para exportar à Rússia não deve significar forte crescimento dos embarques em 2008, mas vai diversifiacr as fontes de fornecimento, disse Pratini.


 


Ele citou ainda outros mercados na mira do Brasil, como Cuba, Malásia e China. Com o primeiro, o Ministério da Agricultura negocia a abertura para a carne in natura. Já a China enviou no fim de semana uma missão para inspecionar a produção de carne no Brasil. No caso da Malásia, há perspectivas de habilitação de mais quatro fábricas para exportar ao país, segundo Pratini. Hoje são duas.


 


Valor Econômico

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