O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, disse neste domingo (17/4) que a Câmara dos Deputados deu um passo importante para unir o país, ao aprovar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, por 367 votos. Segundo ele, os senadores, que analisarão a matéria a partir de agora, devem corroborar a decisão dos deputados para consolidar os anseios da população para retomar o crescimento econômico. “O Senado Federal precisa dar sequência às ações empreendidas até agora para avançarmos nas mudanças desejadas pela sociedade”, ressaltou.
Ele participou das manifestações do movimento “Vamos Tirar o Brasil da Lama – Impeachment Já”, que reuniu mais de 200 mil pessoas, entre as quais 20 mil produtores de todas as regiões brasileiras que vieram a Brasília, muitos enfrentando mais de 24 horas de estrada, para acompanhar a votação do pedido de afastamento da presidente da República, em um ato pacífico na Esplanada dos Ministérios. “Hoje tenho certeza que vamos dormir mais tranquilos. Não dá mais para conviver com essa divisão ocasionada por uma presidente que não tem mais condições de comandar o país, que dilacerou nossa economia”, afirmou Martins, ao discursar para os manifestantes pró-impeachment que estiveram na capital federal.
Segundo ele, Brasília viveu um momento histórico, no qual campo e cidade se uniram para pedir a saída da presidente Dilma Rousseff do poder, diante da indignação dos brasileiros com a situação política e econômica e com os atos recentes de incitação à violência por parte de movimentos sociais, que fez a CNA apoiar o impeachment. Os produtores passaram a manhã concentrados na Praça Portugal, em Brasília, onde ouviram os pronunciamentos de apoio ao impeachment de presidentes de federações de agricultura e pecuária, parlamentares ligados ao setor agropecuário e outras lideranças rurais. À tarde, juntaram-se a outros movimentos na Esplanada para assistir aos discursos dos líderes partidários em telões instalados no local.
Cada pronunciamento em defesa do afastamento de Dilma Rousseff era recebido com aplausos e as vaias predominavam quando os discursos eram favoráveis ao governo. Assim se repetiu com o início da votação, onde todos acompanhavam atentamente cada parlamentar. Vibravam com os votos de “sim” e vaiavam ao ouvirem o “não”. Trajavam verde, amarelo, azul ou branco. Levaram cartazes, bonecos gigantes ou infláveis, chapéus, camisas com mensagens pelo impeachment, faixas e bandeiras. Alguns pintaram o rosto ou até o corpo inteiro com as cores da bandeira brasileira. Tudo pelo resgate do orgulho de ser brasileiro e pela vontade de mudar o cenário. “Queremos devolver o verde e amarelo de volta aos brasileiros. A cor do Brasil não é vermelha”, reforçou o vice-presidente da CNA, José Mário Schreiner, coordenador das mobilizações.
Unidos pelo mesmo objetivo, as pessoas da cidade e do campo cantaram em diversos momentos o hino nacional e entoavam frases que pediam a saída da presidente da República. No meio da multidão, algumas pessoas não escondiam o descontentamento com o atual governo e fizeram questão de participar deste momento histórico. Filho de produtores, Flávio Ribeiro era um deles. Ele veio de Maringá (PR) para acompanhar de perto a votação. Trouxe consigo seu companheiro: o berrante. O instrumento de trabalho usado para tocar o gado na fazenda da família é o mesmo com o qual mostra desenvoltura para tocar o hino nacional brasileiro no sopro.
Depois da breve demonstração, dá seu recado. “As coisas ficaram difíceis. Tudo está mais caro, a produção está menor. Onde eu moro tem menos trabalho. Tem que tirar a Dilma do poder”, justifica. O desejo do tocador de berrante e de muitos outros brasileiros que estiveram na Esplanada dos Ministérios foi confirmado pelos deputados. Esta foi a primeira etapa. Agora, será a vez de o Senado corroborar o pleito de toda a sociedade.
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